quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Mudança de Hospedagem

Caros Amigos, o presente blog mudou para:

http://palavrassussurradas.wordpress.com/


Lá vocês sempre encontrarão atualizações.


Abraços a todos!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Literatura - Grandes Clássicos - Biografia - Alexandre Dumas

Vida e Obra de Alexandre Dumas.
Cronologia:
1802 - Em 24 de Julho, em Villers-Cotterêts, França, nasce Alexandre Dumas, filho de Marie Louise e do general Thomas Alexandre Dumas Davy de la Pailleterie.
1806 - Morre o general Dumas.
1818 - Alexandre conhece Adolphe de Leuven. Trabalha como escriturário no notariado de sua cidade.

1821 - Juntamente com Leuven, escreve a peça O Major se Strasburgo.

1822 - Transfere-se para a capital e passa a trabalhar com o duque de Orléans. Começa a relacionar-se com Catarina Labay.

1824 - Em 27 de julho nasce Alexandre Dumas, filho.

1828 - Escreve a primeira versão de Cristina, em cinco atos.

1829 - Em fevereiro estréia no Comédie-Française com a peça Henrique III e Sua Corte.

1831 - Estréia en Antony, com grande sucesso.

1832 - Dumas apresenta as peças de Napoleão Bonaparte, Carlos VII entre Seus Grandes Vassalos e A Torre de Nesle. Viaja para a Suíça. Publica Impressões de Viagem.

1835 - Viaja à Itália.

1840 - Dumas casa-se com a atriz Ida Ferrie. Publica o Cavaleiro de Harmenthal, em colaboração com Auguste Maquet.

1844 - Separa-se da esposa. Começa a publicar Os Três Mosqueteiros.

1845 - Publica O Conde de Monte Cristo e Vinte Anos Depois.

1848 - Publica O Visconde de Bragelonne, encerrando o ciclo de Os Três Mosqueteiros.

1870 - Em 5 de dezembro morre em Puys.

Biografia:

Pouco entendeu do texto, mas sentiu que estava diante de uma obra-prima.

Algo de novo, ainda inexistente na França. Shakespeare o deslumbrava, mas chegara a hora de acabar com as representações das tragéias clássicas francesas. Queria ver no palco a explosão de todos os sentimentos, fazer a platéia prender a respiração ante uma complicada cena de amor ou de ódio. Faltava-lhe tão-somente um bom assunto. Haveria de encontrá-lo casualmente numa exposição de escultura em Paris, num baixo-relevo que representava o assassinato de Giovanni Monaldeschi, por ordem da rainha Cristina da Suécia.

Alexandre Dumas não sabia quem era Monaldeschi, tampouco ouvira falar na rainha, e, homem feito, foi obrigado a consultar a Biografia Universal, dicionário de personalidades históricas, para descobrir quem era Monaldeschi. Soube assim que fora o amante de Cristina da Suécia. Com ciúme dos favores dispensados pela amante a outro cavalheiro italiano, Sentinelli, Monaldeschi escreveu a Cristina uma série de cartas injuriosas, imitando a letra do rival. Descoberta a intriga, a soberana ordenou a seu novo amor que executasse Monaldeschi no pátio de Fontainebleau, presenciando o espetáculo. Munido dessas informações sumárias, escreveu o drama Cristina, que pretendia fosse representado no teatro mais famoso e exigente da época, o Comédie-Française.
Sabia das dificuldades que o esperavam. Coragem, orgulho, autoconfiança, entretanto, sempre foram traços marcantes de seu caráter. Nada o intimiava.

Paris entrara em seus sonhos desde o dia em que chegara à sua casa certo Auguste Lafarge. Impressionaram-no a elegância do rapaz, sua loquacidade, seus versos e, sobretudo, a descrição de uma cidade de luzes e festas, onde a glória e o dinheiro pareciam fáceis.

Em Villers-Cotterêts Dumas pediu permissão à mãe para ir morar em Paris. Queria tentar o teatro. Confiando a um amigo o desejo de escrever uma peça e conquistar a fama, foi aconselhado a aprimorar sua cultura literária, ler muito, aprender vários idiomas, conhecer grandes autores estrangeiros antes de partir.

Aprendeu alemão e italiano sem muito esforço. Com a ajuda de Lafarge traduziu o romance Jacopo Ortis, de Foscolo, e leu Werther, de Goethe.

A certeza de que sua verdadeira vocação era escrever para o teatro fortaleceu-se quando um grupo de atores aparexeu em Soissons, cidade próxima a Villers-Cotterêts. A presentação de Hamlet, de Shakespeare, arrebatou Dumas, Masi que a intricada análise de sentimentos e a inquietação revelada pelos personagens, encontaram-no a liberdade da construção dramática e o emprego de elementos grotescos.

Saiu do espetáculo convencido de que poderia criar algo igual ou melhor. Seu amigo Adolphe de Leuven, nobre sucedo refugiado na França, freqüentador habitual dos mais famosos teatros parisienses, ofereceu-se para colaborar, e ambos escreveram uma pequena peça em um ato: O Major de Strasburgo. Pouco depois Leuven voltou a Paris, onde morava, deixando o jovem ansioso por segui-lo e poder conquistar a capital.

A Sra. Dumas não opôs resistência ao desejo do filho. Juntou o último dinheiro que lhe restava e fez-lhe as malas. Alxandre chegou a Paris em 1822, com apenas vinte anos de idade, pouca instrução e nenhuma experiência. Precisava arrumar um emprego. Procurou Adolphe, em busca de três ou quato endereços de ex-companheiros de seu pai.

Nem todos o atenderam. Um até duvidou de sua identidade, mas o último, o general Foy, o recebeu, lembrando com saudade o amigo desaparecido. Perguntou-lhe o que sabia fazer. Dumas disse-lhe honestamente que não conhecia matemárica, ignorava por completo o que era álgebra ou contabilidade e não fizera curso de Direito. O general prometeu chamá-lo quando soubesse de alguma possível colocação. Ao ver, porém, a bela caligrafia com que desenhou o nome da rua e o número, teve uma idéia: o rapaz poderia trabalhar como secretário do duque de orléans, futuro rei Luís Filipe. O emprego não só lhe garantiria a subsistência em Paris como também lhe haveria de abrir o caminho para o Comédie-Française.


Todos os meses um funcionário do teatro ia levar entradas para o duque de Orléans, e, numa dessas ocasiões, Dumas resolveu interpelá-lo a respeito de como poderia fazer representar sua Cristina. O funcionário lhe esclareceu ser preciso submeter o manuscrito ao julgamento de uma comissão encarregada de leitura e aguardar o resultado. Alexandre não queria esperar nada. Sempre resolvera as coisas rapidamente, como com catarina Labay, as costureirinha do prédio vizinho. Logo que a conheceu, tornou-a sua amante e teve um filho com ela antes que completasse um ano de namoro. Esse filho também se tornaria célebre: Alexandre Dumas, autor de A Dama das Camélias. Repentinamente chefe de família, teve de mudar-se para um apartamento maior, com Catarina e o menino.

Mas continuou tramando o meio de estrear no mundo do teatro "O senhor poderá apressar as coisas", disse-lhe o funcionário, "se conseguir a mediação do barão Taylor", inglês nascido na Bélgica, naturalizado francês, amigo de Victor Hugo, comissário real do Comédie. Como fazer para entrar em contato com tão ilustre personalidade? Alexandre conhecera acidentalmente o escritor Charles Nodier, e graças a ele a leitura da peça foi antecipada. A comissão deliciou-se com aqueles cinco atos cheios de peripécias, ainda que não muito fiéis à verdade histórica. Vencera a primeira etapa. Restava-lhe outra, mais difícil: enfrentar a senhorita Mars, atriz principal do elenco permanente do Comédie.

Lidar com as mulheres de modo geral não o preocupava. Era um prazer e uma arte, na qual Alexandre era perito. Entre um verso e outro, envolvia-se num caso amoroso, apesar dos protestos de Catarina Labay. Com a atriz não deu certo. Velha, queria parecer moça. Educad na escola clássica, não queria saber de gritos e de choros. Abominava o crime e o sangue apresentados em cena. Positivamente, não podia aprovar o qu considerava de mau gosto no drama de Dumas. Ordenou-lhe modificações; ele se recusou a fazê-las e ela abandonou o papel Romperam relações, tornaram-se inimigos. Cristina foi para a gaveta. Dumas, no entanto, já havia posto os pés no Comédie.

Precisava encontrar logo outro assunto. Achou-o mais ou menos ao acaso, ao ouvir, durante uma conversa, um fato que ocorrera no reinado de Henrique III. Marcado pela influência do escocês Walter Scott, que escrevia romances históricos após cuidadosas pesquisas, Dumas leu mais dois livros sobre o assassinato da bela duquesa de Guise por seu marido Henri ao ser surpreendida em adultério. Com mais alguns dados sobre a época, a sua fértil imaginação fez nascer uma peça cheia de colorido, de ambientação histórica, de emoção, que, se não chega a ser uma obra-prima, tem o mérito de haver iniciado o teatro romântico na França. Henrique III e Sua Corte, levada à cena pela primeira vez, no Comédie-Française, em 11 de fevereiro de 1829.

Além do sucesso, Alexandre Dumas levou, da estréia, o coração da jovem atriz Virgínia Bourbier e toda a sua comitiva. Os direitos de imprimir Henrique III foram vendidos por uma soma assombrosa. Diante do êxito, retirou da gaveta Cristina, reescreveu-a, mudou-lhe o título (Estocolmo, Fountainebleau, Roma) e a fez representar. O triunfo foi absoluto.

Paris encontrava-se em plena ebulição cultural e política, em virtude das novas idéias que o Romantismo trouxera para todos os campos do conhecimento humano. Dumas, como outros escritores de seu tempo, dividia-se entre a elaboração de sus obrs, os saraus literários e as composições poéticas. Não raro se reuniam na casa de Victor Hugo artistas do porte de Vigny, que por essa época apresentava uma adaptação de Otelo, de Shakespeare, Balzac, que iniciava a sua Comédia Humana, Meriméé, que publicava as primeiras novelas de Revue de Paris, e o próprio Dumas, consagrado como dramaturgo vigoroso e rebelde. O assunto mais debatido nesse ano de 1829 era a luta de Hugo para encenar sua Marion Delorne, oficialmente proibida pela censura real, que nela via alusões desairosas ao monarca Carlos X.

Somente em 1831, após a revolução liberal que conduziu Luís Filipe ao trono, a peça pôde ser representada A proibição do drama acendia os ânimos do grupo contra o soberano, que granjeara a oposição quase generalizada do povo, por adotar medidas autoritárias. A supressão da liberdade de imprensa, em 1830, constituiu a gota final para as iras populares. A revolução explodiu em Paris. Dela participou Dumas, empunhando as armas e abandonando momentaneamente o teatro.

Quando se restabelecera tranquilidade, Alexandre Dumas voltou a escrever, levando à cena o drama Antony. Insatisfeito com as outras peças desse período - Napoleão Bonaparte e Carlos VII entre Seus Grandes Vassalos -, passou a escrever em colaboração, o que era comum. Seus colaboradores forneciam os fatos principais, e ele coloria o arcabouço com episódios fictícios, frases emocionantes, finais de ato magistrais. Essa habilidade em deter em ação num ponto cultimante seria fator de importância em sua futura carreira de romancista.

Dumas partiu para o exterior a serviço de Luís Filipe e prolongou a viagem por prazer. Enquanto se encontrava na Suíla e na Itália, escreveu suas Impressões de Viagem, e percebeu que o teatro se esgotava como meio de expressão. Pensou em tentar o romance e acertou. Foi o gênero que verdadeiramente o imortalizu. Com exceção de Kean ou Desordem e gênio, as peças de Dumas foram esquecidas.

Catarina labay estava ficando velha. Uma vida cheia de sobressaltos tirou-lhe aquela jovialidade que atraía Dumas. O filho de ambos estava crescido, revelando fortes tendências literárias e o mesmo espírito do pai e do avô. O casal, que jamais se unira em matrimônio, vivia separado havia muito tempo, e não tinha razão nenhuma para modificar a situação. Dumas continuava tendo suas amantes. Inesperadamente, em 1840, resolveu se casar com uma delas, a atriz Ida Ferrier. Quatro anos depois haviam de se separar.

No mesmo ano do casamento, um colaborador de Dumas, Auguste Maquet, entregou-lhe o esboõ do romance Le Bon-bomme Buvat, complicado enredo de conspirações políticas. O texto, aumentado de um para quatro volumes e intitulado O Cavaleiro de Harmenthal, teve grande aceitação. Dumas seguia o método de Scott. Os leitores de um romance histórico queriam sentir no relato as mesmas emoções suscitadas pela representação teatral: encontrar pessoas humanas sob os escudos e os mantos reais, conhecer a história de seu país, os costumes de épocas passadas, sem o esforço que um compêndio escolar exigia. Dumas satisfazia esses anseios.


O mesmo Marquet lhe entregou a nova chave do tesouro, um volume escrito em 1700 por um certo Gatien Coutilz de Sandras intitulado As memórias do Senhor d'Artagnan, Capitão-Tenente da Primeira Companhia de Mosqueteiros do Rei. O ponto de partida é o caso amoroso entre o cavaleiro d'Artagnan e a dama Constance Bonacieux, camareira de Ana da Áustria. Com auxílio da amada de d'Artagnan acba participando de uma intriga política: Ana da Áustria, casada com o rei Luís XIII, oferta ao amante, duque de Buckingham, um cofre cheo de jóias que o marido lhe dera de presente. Sabedor do fato e desejoso de provocar a ruína da rainha, o ministro Richelieu sugere ao rei que peça a Ana para usar as jóias no próximo baile da corte. Desesperada, a rainha pede a d'Artagnan que recupere o pequeno tesouro, transportado por Buckingham para a Inglaterra. O cavaleiro une-se a três amigos e juntos partem para a aventura, enfrentando as ciladas do pérfido cardeal Richelieu e os traiçoeiros encantos da demoníaca Milady, cúmplice do ministro.

Nenhum dos outros numerosos volumes de Dumas provocou tamanha emoção. Os romances que retomam a história de d'Artagnan, ou mesmo o famoso O Conde de Monte Cristo, não conseguiram suplantar Os Três Mosqueteiros. Grande parte do êxito se deve à simpatia que os quatro heróis despertaram. Nenhum desses personagens é criação original; todos figuraram na obra de Sandras e viveram realmente no século XVII. Dumas, porém, deu-lhes nova vida, ressaltou-lhes as características, tornando-os mais temerários, e ampliou o âmbito de ação. Por meio de uma trama apaixonante e de um estilo cheio de vitalidade, reviveu toda a atmosfera do século XVII francês, o esplendor da corte, o sensacionalismo das intrigas políticas e o poderio econômico e cultural de uma época brilhante.

De acordo com os planos do autor, d'Artagnan devia ser um personagem secundário que introduziria os três mosqueteiros. Como a figura era atraente, Dumas resolveu promovê-la, acrescentando mais um mosquteiro, sem, contudo, mudar o título. O traço marcante do caráter de d'Artagnan é saber ousar, quando há oportunidade. A semelhança com Dumas se acentua por causa da forte dose de ingenuidade, algo provinciana, que acompanha sua ousadia. O autor, fascinado por sua criatura, também a exploraria mais tarde em Vinte Anos Depois e O Visconde de Bragelonne.

Athos, o Conde de la Fère, é a figura mais romântica: vive atormentado pela dúvida, pois crê er assassinado sua primeira esposa, a pérfida Milady, a mulher má, espiã a serviço de Richelieu, autora das mais ardilosas tramas para impedir que os mosqueteiros restituam as jóias da rainha. Correspondente feminino do vilão das aventuras desse gênero, Milady se contrapõe à doce e angelical Constance Bonacieux. Tentando expiar o crime imaginário, Athos entra para o grupo e expõe sua vida aos maiores perigos.

Henry d'Aramitz, ou simplesmente Aramis, astuto e generoso, considera a vida um jogo divertido, composto de ação, amor e preces. Divide seu tempo entre as aventuras da espada, os episódios sentimentais e a igreja. É o que melhor representa o espírito do Século XVII, época de cardeais e soldados, de missal e arcabuz.

Porthos, finalmente, ou Du Valon na vida real, alto, gordo, bondoso, facilmente maleável, pouco inteligente, foi preferido do autor. Diz-se que, ao ser obrigado pelo enredo a matá-lo, Dumas chorou.

Todos esses personagens, ávidos de ação, refletem o espírito aventuresco do autor, falecido em 1870, ele mesmo lutador incansável em prol da arte e de seus princípios políticos. Ousado como d'Artagnan, corajoso como Athos, sedutor como Aramis, alegre como Porthos, não seria falsear a verdade acrescentar qo quarteto dos famosos espadachins um quinto mosqueteiro: o próprio Dumas, heróide pena em punho esgrimido pela fama e pelo amor.

Fonte: Coleção Obras Primas - Vida e Obra, fascículo "Alexandre Dumas". Editora Nova Cultural

sábado, 3 de novembro de 2007

Antropologia - Sexualidade - Aspectos da sexualidade humana: influências éticas, morais e religiosas


Texto de Fatima Tardelli

"...E neste altar erguido para Eros, para a fome de nós dois, naufragássemos no afago entre um e outro trago, corrompêssemos a encíclica papal com beijos cálidos, toques proibidos, gulas e soberbas sacanagens que até o pensamento afastasse o sofrimento e a procriação, confiscássemos os frígidos como poro imperativo, Se ao noso ventre oferenda o mundo se rendesse...." Poema de Erorci Santana in "Maravilta e outros cantares" - Alpharrabio Edições



1) A SEMENTE

A semente foi plantada numa aula de inglês na FATEC-SP. No finalzinho da aula alguns alunos perguntaram à professora se ela poderia ensinar alguns ‘xingamentos e palavrões’, argumentando, malandramente, que tal conhecimento era necessário para o caso de, sendo vítimas de tais, dispormos de conhecimento necessário a fornecer uma resposta á altura.

A professora, bem-humorada, informou que, similar às expressões jocosas designativas do sexo de nossa língua portuguesa (como ‘a perseguida’, p.ex), havia, no inglês estatudinense, expressões também jocosas, como ‘rooster pursues the squirrel” (galo que persegue o esquilo (o que designaria o sexo masculino – galo, perseguindo o feminino – esquilo).

Após, enquanto aguardávamos o transcorrer do tempo (aula vaga) para a próxima aula, na área externa da faculdade, comentávamos, entre divertidos e curiosos, o quão engraçada era a analogia dos termos; quando o impagável e hilário colega Leonardo formulou as seguintes perguntas:
- Porque as mulheres são assim? Sabemos que elas também gostam de sexo? Porque então ficam com essas ‘frescurites’ ? Não podem ouvir a palavra ‘pinto’ e ficam “ai, Meu Deus, não fala issoooooo”!

A forma cômica como falou e sua encenação da falsa puritana, quase nos levou às lágrimas, de tanto que rimos.

Isso ocorreu na segunda feira p.p e me fez pensar. Já na quinta-feira, após chegar em casa exausta, fiquei vagando de canal em canal na TV aberta, quando me deparei com o filme que “Henry e June - Delírios Eróticos”, baseado nos Diários de Anais Nin. Filme antiguinho, baseado no livro homônimo que li há muito tempo. Foi a rega que faltava à semente plantada.

Aí segue o texto, que, seguindo a natureza do blog, é totalmente despretensioso. Sem qualquer metodologia, sem qualquer interesse maior do que abordar o assunto de forma simples. Espero que a leitura seja tão divertida quanto a me foi escrevê-lo.

2) INTRODUÇÃO

Em face do rarefeito conhecimento sobre o assunto e para não cair no tão falho ‘senso comum’, efetuei uma básica pesquisa e não me surpreendi nenhum pouco com a vastidão de material encontrado.

3) ANTROPOLOGIA DA SEXUALIDADE HUMANA

3.1) Diferenças entre a sexualidade humana e a animal

Ingressamos no campo da Antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento), ciência preocupada com o fator humano e suas relações[i].
Relativamente à abordagem do tema sexo, sob a ótima desta ciência, encontramos este interessante texto:

“Quando um antropólogo aborda o tema sexualidade, o primeiro mandamento a ser enfatizado é que, enquanto no reino animal irracional as funções sexuais são determinadas fundamentalmente pelo instinto, a sexualidade humana se manifesta através de padrões culturais historicamente determinados, donde sua dinamicidade temporal e diversidade espacial e performática. A sexualidade humana é uma constructo cultural, tanto quanto os hábitos alimentares e corporais. Nascemos machos e fêmeas e a sociedade nos faz homens e mulheres. Mais ainda: o ser masculino e o ser feminino variam enormemente de cultura para cultura, modificando-se substantivamente ao longo das gerações dentro de uma mesma sociedade.”[ii].

Em outras palavras, aduz o autor que:
a) uma das principais diferenças encontradas na sexualidade dos animais humanos e não humanos é que enquanto os segundos seguem fundamentalmente padrões instintivos, os segundos também padrões culturais.
b) Os conceitos de masculino e feminino e a forma como cada um encara a sexualidade varia de cultura a cultura.
c) Dentro de um mesmo contexto social, também estes conceitos sofrem severas modificações a cada geração.

Ou seja: nossa sexualidade está sujeita aos costumes.

3.2) Sexualidade na Antiguidade

Para que este pequeno estudo não fique incompleto, passamos a demonstrar a evolução da sexualidade na História da humanidade.

3.2.1) Pré História

Entre os povos pré-históricos, era comum o falicismo, ou seja, o culto ao falo ou lingan (pênis), e ao yoni (vulva).

Existem registros arqueológicos suficientes a demonstrar que tais povos celebravam o sexo.

Em tais registros arqueológicos são encontrados desenhos rupestres que associam o falo ao poder reprodutor, animais aos pares e órgãos sexuais masculinos/femininos em proporções exageradas[iii].

Como de praxe, ante à ausência de plausível justificativa para o desconhecido, o Homem acaba envolvendo tudo numa aura de magia e reverência, divinizando objetos/coisas, criando Totens e Tabus.

3.2.2) Babilônia

Como já demonstrado, o sexo foi divinizado (aliás, assim era com tudo que intrigava o homem e este não encontrava explicação satisfatória).

Na antiga Babilônia não ocorria nada muito diferente.

“Na antiga Babilônia, era comum os cultos a deusas da fertilidade envolverem rituais sexuais (Juízes 2:3; 37-39; Deuteronômio 20:18). Entre os babilônios, a prática sexual era uma forma de arrecadar oferendas para a deusa protetora das colheitas.
Heródoto (apud Kirsch,1998; Roberts, 1998; Wolf, 1998; Sem Autor, sd) relatou, em suas viagens pela Babilônia, ser costume as mulheres dessa sociedade irem para os templos e lá se oferecerem aos estrangeiros, em troca de algumas moedas e de oferendas para a deusa.
Esta prática, longe de ser repudiada, tinha alto valor. Mulheres de todas as classes sociais, solteiras ou casadas, procuravam os templos, ou eram levadas por seus pais, ou maridos. E de lá só poderiam sair quando alguém se interessasse por elas e lhes jogasse algumas moedas, em troca de seus favores sexuais.
Kirsch (1998), alega que na história de Tamar (Gênese 38) existem indícios de pelo menos dois tipos de prostituição: a prostituição comum (zonah) e a prostituição do templo ou de culto (qedeshah). Esta última, seria uma santificada, de uma "mulher consagrada(...) que literalmente se colocava à disposição de todos os frequentadores de um local de adoração..."
[iv]

Assim, a sexualidade humana não sofria as terrificantes restrições de códigos morais entruncados que hoje existem.

3.2.3) Grécia

No campo da teologia, os deuses do panteão gregos eram libertinos no que se refere à sexo; estavam presentes o adultério, a libertinagem, incesto.

Para não nos alongarmos demais na descrição das aventuras sexuais dos deuses, citamos como exemplo um dos principais: Zeus não raro se unia a mortais:


a) Adultério – Apesar de casado com Hera, Zeus teve inúmeros amantes: Europa, Leda, Dânae, Alcmena, Calisto, Io, Antíope, Egina e Sêmele.
b) Incesto – Zeus e Hera – Ambos eram filhos do Deus Cronos, mas casaram-se e tiveram os filhos Hefesto (deus do fogo); Hebe (deusa da juventude), Ares (deus da guerra) e Ilítia (deusa dos partos).
c) Homossexualidade – Os apetites sexuais de Zeus voltavam-se também para homens, ele também teve como amante Ganímedes.

No campo dos costumes, os gregos se dedicavam à pederastia, que para eles era a forma de amor mais nobre existente, conforme

“Na Grécia antiga não existiam palavras para designar o que chamamos de ‘homossexualidade’ e ‘heterossexualidade’ porque simplesmente não existia a idéia de ‘sexualidade’. A sexualidade é uma construção cultural recente (...). No mundo helênico havia um eros múltiplo e heterogêneo, sem contrapartida no imaginário de hoje. Assim, o eros da “pederastia” era, em sua “natureza”, diverso do eros presente entre homens e mulheres ou mulheres e mulheres (e eu acrescentaria entre homens e homens). Por princípio era virtuoso, ao contrário da ‘homossexualidade’ contemporânea, tida como vício, doença, ‘degeneração’ ou perversão, desde que foi inventada pelas ideologias jurídico-médico-psiquiátricas do século XIX’, conforme nos informa Jurandir Freire em seu artigo ‘Os gregos antigos e o prazer homoerótico’.(Jurandir, APUD Sérgio Gomes)[v]

No campo da teoria, os gregos conceberam a idéia da perturbatio animi, uma interferência dos fatores afetivos sobre a consciência, interferência esta mais ou menos contingente, que podia ser removida pela própria razão.

“..Existem vários tipos de caráter, que se diferenciam por usa maior ou menor capacidade de resistir aos desejos inferiores: desde o aristocrático, o mais próximo do paradigma do homem justo, até o tirânico, o mais afastado. O homem tirânico é o mais completamente submisso a esses desejos, que se instalam, sem oposição, na ‘acrópole da alma’. Tais desejos são do gênero daqueles que ‘despertam durante o sono, quando a parte da alma que é razoável e feita para comandar a outra está em repouso, e quando a parte bestial e selvagem, repleta de alimento e vinho, parte em busca de satisfações a oferecer a seus apetites...Nessa situação, ele se atreve a tudo...E não receia em unir-se, em imaginação, à própria mãe.’ O homem tirânico é aquele que se comporta, acordado, como se comportava durante o sono.Incontroladas, as paixões interferem com o conhecimento. Tornam impossível o saber teórico, porque o homem por elas dominado não tem a serenidade necessária para dedicar-se à contemplação das essências.”[vi]

Em outras palavras, havia uma visão normativa: os desejos seriam os cavalos e carruagem, enquanto que a razão, a consciência seria o cocheiro. Mas voltaremos a esse assunto mais tarde.

3.2.4) Roma

Não obstante terem se entregue a grande libertinagem sexual, os romanos preferiam que tais costumes continuassem sob o um certo manto que os escondessem.

Diz-se que o poeta Ovídio foi banido por Augusto em face da imoralidade do que havia sustentado em seu livro, não obstante ter narrado apenas e tão-somente o que ocorria todos os dias em Roma já há muito tempo (Jean-Noël Robert, 1995). Vejamos alguns fragmentos da “Arte de Amar”:

“...Justamente aquela que poderias acreditar que não quer, quer. O amor condenável é agradável para o homem, é também para a mulher, mas o homem sabe dissimular mal, a mulher esconde melhor seus desejos. Se o sexo forte decidisse não fazer a corte, a mulher vencida logo assumiria esse papel...”[vii]

“...O pudor impede que a mulher provoque certas carícias, mas gosta de recebê-las quando um outro toma a iniciativa. Sim! Um homem conta demais com suas vantagens físicas se esperar que a mulher tome a iniciativa. Cabe ao homem começar, ao homem dizer as palavras que pedem, a ela acolher bem os pedidos de amor. Tu a queres? Pede. Ela só deseja esse pedido. Explica a causa e a origem de teu amor. Era Júpiter quem abordava as heroínas da lenda e {que as abordava] suplicando: apesar de seu poder, nenhuma veio provocá-lo. Porém se teus pedidos se depararem com o afastamento de um orgulho desdenhoso, não vá mais longe e bate em retirada! Como desejam os que lhes escapa e detestam o que está a seu alcance! Sê menos insistente, não serás mais rejeitado.”[viii]

Nada de novo nos céus da Dinamarca! Qualquer semelhança mera coincidência? Penso que a pergunta de meu amigo Leonardo (cuja curiosidade acabou por plantar a semente deste artigo) já foi devidamente respondida!

Bem, continuemos.

Também Gaio Petrônio, cidadão romano, em seu livro (Satiricon) dedicou-se à descrever os vícios romanos:

“A visão de tantos encantos me excitava aos mais doces prazeres. Do contato de nossos lábios, escapavam mil beijos sonoros, e nossas mãos, entrelaçadas, já haviam interrogado todos os órgãos do prazer. Nossos corpos, unidos pelos mais deliciosos abraços, iam efetuar a fusão completa de nossas almas – quando de repente, em meio a todos aqueles paradisíacos prelúdios, as forças me abandonaram de novo, e eu não pude chegar até o fim do prazer.

Exasperada por uma afronta já então sem desculpa, Circe pensou apenas em se vingar. Chamou seus criados de quarto e ordenou-lhes que me fustigassem.
...
Voltei para casa com o corpo cheio de contusões e a pele mais marcada que a de uma pantera.
...
Apoiei-me sobre um dos cotovelos, e apostrofei furiosamente o invisível contumaz:
- Então, que dirás tu, opróbrio da natureza! Porque seria tolice nomear-te entre as coisas sérias. Fala, que te fiz eu, para que me precipitasses ao fundo dos infernos quando eu já tocava o Olimpo? Que te fiz eu para que fenecessem as flores de minha primavera sob as neves da velhice mais decrépita? Que esperas para me deixar?
...
Contudo, ao refletir sobre a indecência dessa invectiva, arrependi-me de havê-la feito, e experimentei uma secreta confusão por haver esquecido as leis do pudor a tal ponto que me entretivera com aquela parte de meu corpo na qual os homens que se respeitam não ousam sequer pensar. Esfreguei longamente a fronte, despeitado, e exclamei:
- Afinal, que mal fiz eu tentando aliviar a minha dor com reprovações tão naturais? Não se soltam, todos os dias, imprecações contra todas as outras partes do corpo humano, contra o ventre, a boca, a cabeça, quando elas nos causam dores freqüentes? O próprio Ulisses, sábio como era, não manteve uma disputa com seu coração? E os heróis das tragédias não ralham com os próprios olhos, como se eles pudessem ouvir suas reprimendas? O gotoso arremete contra seus pés e mãos, os remelentos contra seus olhos; e muitas vezes, quando se fere um dedo, andando, põe-se a culpa nos pés.”
[ix]

Nesta abordagem não podemos deixar de lado o falicismo também observado nesta sociedade. Um certo vulcão preservou inscrições e objetos similares aos encontrados em na modernidade. Mas isso também será discutido num tópico à parte (Inscrições de Pompéia e Escritas Latrinárias, Objetos fálicos e Sex-Shops).

Também os deuses do panteão romano (muitos copiados do panteão grego) eram libertinos. Apenas como exemplo, citamos Priapo, um deus grego fertilidade (que foi também cultuado entre os romanos) era filho de Dionísio e Afrodite.

A sua imagem é apresentada como um homem idoso, mostrando grandes órgãos genitais. Priapo era considerado como protetor de rebanhos, produtos hortículas, uvas e abelhas.

Dionísio vindo vitorioso de batalhas nas Índias, foi por Afrodite ardorosamente recebido e nasceu Priapo. Hera, ciumenta de Afrodite, trabalhou para que a criança nascesse com a sua enorme deformidade (sempre representado com um falo imenso). Sua mãe mandou educá-lo nas margens do Helesponto em Lampasaco, onde por conta de sua libertinagem e desregramento tornou-se objeto de terror e repulsa. A cidade foi tomada por uma epidemia e os habitantes viram nisso uma retaliação por não terem dado atenção ao filho de Afrodite, fizeram rituais e pediram que ele ficasse entre eles.

3.2.5) Africanos

Sempre menciono os africanos quando busco as origens dos costumes em meu país, pois creio que a influência desta cultura, tão rica é quase que totalmente deixada de lado, não obstante ter lançado profundas raízes em nossa Sociedade.

No panteão africano também os deuses eram libertinos, Sangò (o deus da Justiça) disputou com Gùn (O deus da guerra) os amores de Osùn (deusa da beleza e do ouro) e de Oiá (deusa do fogo).

Também elas (as deusas) disputaram entre si os amores de seus homens: conta uma lenda que Obá (deusa das águas revoltas), querendo agradar a Sangò, perguntou à Osùn, qual o prato preferido dele, Osùn teria lhe pregado uma peça, dizendo que ela deveria preparar uma amalá (prato preparado com quiabos) e, cortando uma de suas orelhas, servi-la junto para o seu amado (obviamente isso causou repulsa a Sangò).[x]
Por este motivo Obá é sempre representada com a mão cobrindo uma das orelhas.Para saber mais sobre o assunto, acesse a página pessoal do professor Reginaldo Prandi http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi ou http://candomble.wordpress.com/.

Talvez o leitor neste momento esteja se perguntando o motivo deste estudo insistentemente associar teologia à sexualidade humana.

A resposta forneceremos a seguir: seguiremos para a Idade Média e mostraremos como os conceitos religiosos mudaram a visão humana sobre a sexualidade e como tais conceitos encontram reminiscências na sociedade atual.

3.2.6) Idade Média e Cristianismo

Segundo Reginaldo Prandi, as religiões são éticas/morais ou mágicas. Nas primeiras, busca-se estabelecer um padrão de comportamento a sr seguido por todos.

Na Idade Média, o padrão ético/moral era imposto pelo cristianismo da Igreja Católica (ICAR).

A idéia da virtude dependia da qualidade de nossa relação com Deus, único mediador entre cada indivíduo e os demais (Chauí, 1996).

O conceito grego de que o desejo podia ser submetido à razão foi substituído pelo conceito de que, sendo todos previamente maculados pelo pecado original, nosso livre-arbítrio sempre nos impulsiona para o mal (pecado):

“Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado;
Como está escrito: não há um justo, nem um sequer...”
Rom 3:9-10

Aliás, Paulo foi um dos que mais colaborou com a ‘demonização’ do sexo:

“...Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher.
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem côo eu.
Mas se não podem conter-se, casem-se.
E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida nas coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor:Mas o que é casado cuida nas coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.
...
De sorte que, o que a dá em casamento, faz bem; mas o que a não dá em casamento, faz melhor”
I Cor 7:1-40

Fica claro que Paulo pregava a abstinência sexual como o melhor meio de agradar à Javé e que a concupiscência, a tentação da carne era um mal a ser combatido e que somente poderia ser aplacado com uma união em casamento (união que mais tinha o sentido de ‘permissão divina’ do que ordem).

Tais textos caíram como uma luva às pretensões totalitárias da ICAR. Nas palavras de Lúcia Castelo Branco: para formar cidadãos frágeis e inseguros (sujeitos, assim à manipulação e controle), é preciso reparti-los, mutilá-los, transformá-los em metades de metades, sem nenhuma possibilidade de recomposição. Isso se faz há séculos, por meio de inúmeras e sutis modalidades de controle do desejo, e de severas punições aos infratores da ordem.[xi]

Pronto: o que entre os pagãos era uma divino, associado à uma celebração da vida e da fartura, para os medievais (excelente palavra para designá-los) tornou-se algo abominável, ignóbil – sexo transformou-se em sinônimo de pecado.

Curioso que a ICAR convenientemente buscou evidenciar apenas alguns textos do conjunto de livros que compõem a bíblia.

Por óbvio que a questão da dominação mental foi primordial nesta escolha. Senão o que justificaria o fato de terem legado ao esquecimento os cantares de Salomão? Vejam:

“...Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
Para cheirar são bons os teus ungüentos, como ungüento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam.
Leva-me tu, corremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras: em ti nos regozijaremos e nos alegremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho: os retos te amam.
Eu sou morena, mas agradável, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
...
Eis que és gentil e agradável, ó amado meu; o nosso leito é viçoso.
...Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte em mim era o amor....”
[xii]

Este texto, revelado a mim por um amigo, imediatamente me lembrou de outro, que narra uma fictícia história de uma mulher feia que teria se tornado esposa de Salomão; rejeitada pelo rei, concebeu um plano para ser finalmente levada “a ‘sala do banquete’; Em reunião convocada no harém, ocorreria a seguinte cena:

“...Naquela tarde mesmo nos reunimos. O comparecimento foi grande: mais ou menos oitenta por cento das esposas e uns cinqüenta por cento das concubinas....
...Chegou o momento em que as pobres coitadas pareciam ter perdido o rumo: olhavam-se atarantadas, não sabiam o que fazer, o que dizer.
É agora, decidi. Rápida como uma cabra da montanha, subi na mureta da pitoresca e murmurante fonte que havia no centro do harém e, em palavras candentes (Deus, eu realmente estava inspirada – nada como a tesão longamente reprimida para fomentar a eloqüência), conclamei-as a terminar com aquele abuso.
- Chega de sermos tratadas como objetos sexuais! Chega de submissão! Chega de opressão!
Respirei fundo e lancei as palavras de ordem:
- Por uma completa igualdade de direitos sexuais! De agora em diante o rei terá de receber cada uma de nós!
Ressoaram aplausos. E aí – risco calculado, mas muito bem calculado – joguei minha cartada:
- E a primeira serei eu.
Fez-se um silêncio. Tenso silêncio...
E aí veio, lá de trás, formulada por uma magrinha saliente, a pergunta que eu temia, mas que, estava segura, em algum momento seria feita.
- Tu? Porque tu?
Eu já tinha a resposta preparada.
- Porque – respondi – sou a feia. Se o rei me receber, não terá desculpas para não receber nenhuma de vocês.
De novo, fez-se silêncio: muitas ali – nem todas eram brilhantes – tentavam entender o raciocínio. Mas uma morena de olhar desvairado veio em meu socorro.
- Isso mesmo! A feia é o teste! Que o rei receba a feia!...”
[xiii]

Sei que este texto soa como absolutamente herético para aqueles que crêem na ‘inerrância’ da bíblia e nos heróis mitológicos nela descritos, mas...enfim.

Não posso deixar de anotar que mais uma vez ‘feita a lei, feita a fraude’; a narrativa de Umberto Eco sobre os meios empregados pelos religiosos para contornar a regra da abstinência sexual, numa fictícia palestra entre frades:
“...
- Sabes que amanhã chega aqui a inquisição?
Salvatore não pareceu satisfeito. Com um fio de voz perguntou:
- E mi?
- E tu farias bem em dizer a mim, que sou teu amigo, e sou frade menor como tu foste, antes de dizê-la amanhã àqueles que conheces muito bem – respondeu Guilherme
Assaltado assim bruscamente, Salvatore pareceu abandonar qualquer resistência. Fitou Guilherme com ar submisso como para fazê-lo entender que estava pronto a dizer-lhe o que fosse pedido.
- Esta noite havia uma mulher na cozinha. Quem estava com ela? – perguntou Guilherme
- Oh, femena que vendese como mercandia, não pode unca bon ser, mi haver cortesia – recitou Salvatore
- Não quero saber se era boa moça, quero saber quem estava com ela! – respondeu Guilherme
- Deu, quanto são as femene de malveci scaltride! Pensam dia e noite como o Omo escarnece... – respondeu Salvatore.
Guilherme agarrou-o bruscamente pelo peito:
- Quem estava com ela, tu ou o despenseiro?
Salvatore compreendeu que não podia continuar mentindo mais. Começou a contar uma estranha estória, pela qual, com muito custo, ficamos sabendo que ele, para agradar ao despenseiro, providenciava-lhe moças no vilarejo, fazendo-as adentrar à noite na muralha por caminhos que não nos quis revelar. Mas jurou que agia de bom coração, deixando transparecer um cômico queixume pelo fato de que não encontraria jeito de extrair daí também o prazer, de modo que a moça, após ter satisfeito o despenseiro, desse algo também a ele. Disse tudo isso com viscosos e lúbricos sorridos e piscadelas, como deixando a entender que falava a homens feitos de carne, habituados às mesmas práticas...”
[xiv]

Antes que os defensores da honra dos sacerdotes católicos venham, histéricos atacar o presente, lembramos os inúmeros casos de crimes sexuais.[xv]

Tornemos ao assunto deste tópico: Os conceitos religiosos da época fizeram com que o sexo fosse ‘demonizado’, considerado prática suja, pecaminosa; os homens passaram a odiar o objeto de seu desejo (as mulheres) e assim elas foram bruscamente rebaixadas, associadas à idéia de tentação, taxadas de libertinas, ávidas por desejos carnais...e, só lembrando que um dos instrumentos utilizados para deter tal luxúria feminina era o cinto de castidade!

E, como é notório, até hoje tais conceitos encontram eco na Sociedade Ocidental. Mas ‘tudo que é bom pode ser melhorado e tudo que é ruim pode ser piorado’: acharam terrível esta mutilação psicológica? Pois ficou bem pior.

3.2.7) Islamismo
Religião monoteísta baseada nos ensinamentos de Maomé (chamado O Profeta), contidos no livro sagrado islâmico, o Alcorão.

A palavra islã significa submeter-se e exprime a obediência à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores são chamados muçulmanos - muslim, em árabe, aquele que se subordina a Deus. Fundado na região da atual Arábia Saudita, o islamismo é a segunda maior religião do mundo. Perde apenas para o cristianismo em número de adeptos. Seus fiéis se concentram, sobretudo, no norte da África e na Ásia.

O nome Maomé (570-632) é uma alteração hispânica de Muhammad, que significa digno de louvor. O Profeta nasce em Meca, numa família de mercadores. Começa sua pregação aos 40 anos, quando, segundo a tradição, tem uma visão do arcanjo Gabriel, que lhe revela a existência de um Deus único. Na época, as religiões da península Arábica são o cristianismo bizantino, o judaísmo e uma forma de politeísmo que venera vários deuses tribais. Maomé passa a pregar sua mensagem monoteísta e encontra grande oposição. Perseguido em Meca, é obrigado a emigrar para Medina, em 622. Esse fato, chamado Hégira, é o marco inicial do calendário muçulmano. Em Medina, ele é reconhecido como profeta e legislador, assume a autoridade espiritual e temporal, vence a oposição judaica e estabelece a paz entre as tribos árabes. Quase dez anos depois, Maomé e seu exército ocupam Meca, sede da Caaba, a pedra sagrada de 15 m de altura que é mantida coberta por um tecido negro, já então um centro de peregrinação. Maomé morre no ano 632 como líder de uma religião em expansão e de um Estado árabe que começa a se organizar politicamente.

O Alcorão (do árabe al-qur'ãn, leitura) é a coletânea das revelações divinas recebidas por Maomé de 610 a 632. É dividido em 114 suras (capítulos), ordenadas por tamanho. Seus principais ensinamentos são a onipotência de Deus e a necessidade de bondade, generosidade e justiça nas relações entre as pessoas. Neles estão incorporados elementos fundamentais do judaísmo e do cristianismo, além de antigas tradições religiosas árabes. O Alcorão inclui muitas das histórias do Antigo Testamento judaico e cristão, como a de Adão e Eva. Depois de desobedecer a Deus, Adão viajou e construiu a primeira Caaba. Após o dilúvio, Abraão, considerado o primeiro muçulmano, a reconstruiu. Do Novo Testamento, o Alcorão registra passagens da vida de Jesus Cristo, reverenciado pelos muçulmanos como um profeta que em sua religião só é sobrepujado em importância pelo próprio Maomé. Os muçulmanos acreditam na vida após a morte, na vinda do anti-Cristo e na volta de Jesus Cristo para vencê-lo, no Juízo Final e na ressurreição final de todos os mortos. A segunda fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de preceitos baseados nos ahadith (ditos e feitos do profeta).

Diz-se que a base da religião muçulmana não determina qualquer tipo de discriminação grave contra a mulher. No entanto, as interpretações radicais das escrituras deram origem a casos brutais. A opressão contra a mulher é comum nos países que seguem com rigor a Sharia, a lei islâmica, e têm tradições contrárias à libertação da mulher[xvi].

Então vem o pior (pior ainda do que o cinto de castidade? Sim, muitíssimo pior!):

Com base num argumento estapafúrdios (se é que pode ser chamado de argumento), muitos povos que adotam a religião islâmica ainda adotam a prática de excisão do clítores nas mulheres. Qual seria o argumento?

“Conta-se que Abraão (ou Ibrahim, em árabe) casou com a bela mas estéril Sara. Foi ela própria que lhe sugeriu que tomasse outra mulher, que lhe desse descendentes. Abraão escolheu Agar, a escrava egípcia, que engravidou. Existem várias versões do fim da história, mas a que interessa para o caso conta que Sara, apercebendo-se do interesse crescente de Abraão por Agar, virou a sua ira contra a escrava, mutilando o seu órgão sexual. A este episódio relacionado com o profeta e patriarca das três religiões monoteístas, as fontes acrescentaram ainda que, durante os períodos de guerra, quando os homens saíam para combater, ‘era preciso tornar as mulheres mais frias, para que não procurassem sexo o tempo todo’...”[xvii].

Referida prática não é exclusiva a povos islâmicos, também nossos vizinhos peruanos duma tribo chamada ‘shipibo-conibo’ também adotavam esta horrenda prática (lembrando que a finalidade da excisão é impedir que a mulher tenha qualquer prazer numa relação sexual).
Todavia, ainda hoje em muitas comunidades que adotam os princípios do islamismo, a prática é comum.

Além disso, está em ‘voga’ na Austrália, Norugega e Suécia o estupro étnico, tipo de crime racial efetuado por homens islâmicos contra mulheres ocidentais. Sobre o assunto leia: http://ceticismo.wordpress.com/2007/10/16/a-epidemia-do-estupro-etnico/.

4) TEMPOS MODERNOS (MODERNOS?)

Repassada nossa história, falemos um pouco dos tempos atuais.

4.1) A revolução sexual feminina

Apesar da imprecisão do termo, denomina-se ‘feminismo’ como um movimento político de mulheres que lutam pela eqüidade com relação aos homens em todos os campos. A história deste movimento remonta o fim do século XIX.

Quanto ao comportamento sexual, as mulheres passaram a ter mais controle sobre seus corpos, e passaram a vivenciar o sexo com mais liberdade do que antes lhes era permitido. A conseqüência dessa revolução sexual é vista como positiva, uma vez que homens e mulheres passaram a poder ter experiências sexuais mais livres e compartilhadas. Entretanto algumas feministas argumentam que a revolução sexual foi benéfica apenas para os homens, uma vez que ainda se mantém valores diferentes para o que fazem homens e mulheres na vida sexual.[xviii]

À parte opiniões favoráveis ou contrárias às implicações deste movimento, temos que ele, de fato, trouxe uma melhoria nas condições sexuais à que estavam as mulheres submetidas. Aprenderam elas que têm o direito ao prazer, soberania sobre seus próprios corpos.


4.2) O verão de amor – movimento hippie

Em 12 de junho de 1967, a cidade de São Francisco (EUA) foi invadida por um exército de 100 mil jovens que tornaram conhecido o movimento hippie, que, dentre outras coisas pregava “sexo, drogas e rock n’ roll”. A ocasião ficou conhecida pelo nome de ‘O verão de Amor’ e ajudou a popularizar o movimento.

Entre os dias 15 a 17 de agosto de 1969, 500 mil jovens se reuniram em Woodstock, cidade de Nova York (EUA) para participarem do "Woodstock Music & Art Festival".Estrelas da música desfilavam sobre os palcos, um verdadeiro mar de pessoas celebrava a vida e a liberdade.

Referido festival, aliado à adesão de inúmeras estrelas da música, fizeram com que os conceitos (inclusive o de liberdade sexual) fossem difundidos pelo mundo todo.

4.3) A AIDS e o arrefecimento da liberação sexual.

A festa acabou: um hóspede inconveniente resolveu instalar-se no mundo conhecido, mudando hábitos, insuflando preconceitos e medos nas mentes humanas.

Entre os anos de 1977 a 1978 apareceram os primeiros casos de AIDS na África Central, EUA e Haiti.

Apenas em 1982 descobriu-se que o contato sexual, o uso de drogas e a exposição a sangue e derivados podiam ser possíveis meios de transmissão, o que levou à adoção temporária do nome Doença dos 5 H - Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos (usuários de heroína injetável), Hookers (profissionais do sexo em inglês)[xix].

Hoje sabemos que não existe ‘grupo de risco’, mas sim ‘comportamento de risco’, mas à época a ferocidade da doença e a completa ignorância de suas causas levou a um indesculpável comportamento preconceituoso contra os homossexuais e usuários de entorpecentes injetáveis.

Também os ‘fanáticos de plantão’ aproveitaram o ensejo para propalar a ‘vingança divina’, a ‘punição pelos pecados’, tudo contribuindo para um clima de terror que também foi uma forma de castração sexual.

A situação só melhorou quando as novas descobertas sobre a doença levaram ao conhecimento de que todos podemos nos tornar vítimas se não adotarmos medidas protetivas.
A questão foi retratada num filme Philadelphia, que em 1993 rendeu ao ator Tom Hanks o Oscar de melhor ator.


A reação dos homossexuais contra a pesada discriminação à que foram expostos surgiu com diversos movimentos, entre eles a “San Francisco Gay Freedom Day Parade”, na cidade de São Francisco (EUA), movimento do orgulho gay se alastrou por todo o mundo, tornando conhecida a bandeira do ‘arco íris’, criada por Gilbert Baker.

4.4) A Democratização da sexualidade.

Forçada pelos diversos movimentos de grupos minoritários (movimentos feministas, gays, lésbicos, transgêneros e de profissionais do sexo), a Sociedade começou a debater questões como a liberdade sexual.

A discussão sobre esse assunto é difícil, posto que estão em jogos interesses poderosos como os de grupos religiosos.

Entraram em campo os juristas e defensores dos direitos humanos, e, com base nos princípios insertos na Declaração Universal de Direitos do Homem, parlamentos têm aprovado leis protetivas aos interesses de tais grupos enquanto tribunais, mesmo à míngua de legislação específica, têm se manifestado favoravelmente aos mais diversos pleitos (a exemplo citamos o caso brasileiro, onde os lobbies de grupos religiosos conseguem manter os projetos de lei que tratam do assunto engavetados, mas perdem terreno no campo do Judiciário, que sistematicamente têm reconhecido proteção às relações homoafetivas). Exemplos:

a) Dinamarca: primeiro país a reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo (1989).
b) Suécia: legalizou referidas uniões (com possibilidade da pessoa adotar o apelido de família do parceiro).
c) Noruega: Aprovada em 1993 a lei que regulamenta as uniões homoafetivas.
d) Islândia: equiparação de casamento às referidas uniões;
e) França: regulamentado o “Pacto Civil de Solidariedade” (1999).
f) Holanda: regulamentação da “parceria registrada” e do “contrato de habitação”. Único país que reconhece a possibilidade de ‘casamento’ entre pessoas de mesmo sexo.
g) Alemanha: lei que reconhece uniões homoafetivas (2001).
h) Buenos Aires: primeira cidade da América Latina a reconhecer a união homoafetiva (2002).

Rober Raupp Rios, em interessante trabalho sobre o assunto, declarou que o ordenamento jurídico têm como paradigma para o sujeito de direito: masculino, branco, europeu, cristão, heterossexual e que neste contexto, para que houvesse uma modificação no ordenamento jurídico (que fosse favorável à tais classes minoritárias), haveria de ocorrer também uma mudança neste paradigma.[xx]

As mudanças estão ocorrendo paulatinamente, mas ainda encontram forte resistência por parte de muitos grupos. Quem não se lembra da novela “Torre de Babel”, na qual o autor teve de ‘matar’ um casal de lésbicas em decorrência da rejeição do público.

Essa mudança de paradigma citada por Roger Raupp Rios também interessa à mulher, também reconhecidamente mais frágil no que se refere ao exercício da sexualidade.

Um grande avanço em direção à proteção da mulher veio com a “Lei Maria da Penha”, que chegou como uma tentativa de resposta às aspirações de milhares de mulheres vítimas de abusos dos mais diversos.

Todavia, se ainda estamos longe do ‘estado ideal das coisas’ é porque ainda existem reminiscências teológicas que colocam tais classes minoritárias (mulheres e homossexuais) nas condições de pecadores, de merecedores do opróbrio.

A exemplo citamos o puritanismo do governo de George W.Bush (EUA), que não se cansa de condenar o aborto, o casamento homossexual e nas pesquisas com células-tronco.Ou alguns programas da TV aberta que, sob o comando de grupos religiosos, não se cansam de tentar forçar todos a adotarem seus próprios dogmas.

Nada deveria ser mais insignificante na valoração de uma pessoa do que sua etnia, religião, condição social, orientação sexual ou gênero; afinal, somos todos homens e mulheres com “H”: “H” de HUMANOS.

5) A SEXUALIDADE NAS ARTES

Não buscaremos fazer uma tese sobre o assunto; antes desejamos apenas mostrar algumas coisas interessantes e suficientes a demonstrar a presença do erotismo e da sexualidade nas mais diversas artes.

5.1) Literatura

O campo é muito vasto, temos ciência que deixaremos de lado obras muito interessantes e relevantes, não nos ocuparemos em mencioná-los na ordem cronológica, mas na ordem em que vierem à mente. Como toda caminhada começa com o primeiro passo: avante!

a) Marques de Sade:

Donatien Alphonse François de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade (Paris, 2 de junho de 1740; Saint-Maurice, 2 de dezembro de 1814) foi um aristocrata francês e escritor marcado pela pornografia violenta e pelo desprezo dos valores religiosos e morais. Muitas das suas obras foram escritas enquanto estava em um hospício, encarcerado por causa de seus escritos e de seu comportamento[xxi].

De seu nome surge o termo médico sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros. Foi perseguido tanto pela monarquia (Ancien Régime) como pelos revolucionários vitoriosos de 1789 e depois por Napoleão.

Duas personagens criadas por Sade foram suas idéias fixas durante décadas: Justine (que se materializou em várias versões de romance, ocupando muitos volumes), a ingênua defensora do bem, que sempre acaba sendo envolvida em crimes e depravações, terminando seus dias fulminada por um raio que a rompe da boca ao ânus quando ia à missa, e Juliette, sua irmã, que encarna o triunfo do mal, fazendo uma sucessão de coisas abjetas, como matar uma de suas melhores amigas lançando-a na cratera de um vulcão ou obrigar o próprio papa a fazer um discurso em defesa do crime para poder tê-la em sua cama.

As orgias com o papa Pio VI em plena Igreja de São Pedro, no Vaticano, fazem parte da trama sacrílega e ultrajante do romance Juliette, com a fala do pontífice transformada em agressivo panfleto político: A Dissertação do Papa sobre o Crime. Sade tinha o costume de inserir panfletos político-filosóficos em suas obras.

O panfleto Franceses, mais um Esforço se Quiserdes Ser Republicanos, que prega a total ruptura com o cristianismo, foi por ele encampado ao romance A Filosofia na Alcova, no qual um casal de irmãos e um amigo libertino seqüestram e pervertem uma menina, fazendo-a matar empalada a própria mãe que tenta resgatá-la no final.[xxii]

b) Gaio Petrônio

Já mencionamos a obra deste romano. Satiricon é um vivo retrato de uma época caracterizada pela decadência.

c) Ovídio

Foi um dos poetas mais célebres da época de Augusto. Compôs poemas eróticos, uma epopéia (As metarmofoses) e um comentário sobre as festas do calendário (Os fastos). Em 8 da E.C, foi exilado pelo imperador por motivos obscuros. No exílio em Tomos, no Ponto, compôs elegias: Tristes e As Pônticas.

d) Choderlos de Laclos

Pierre-Ambroise-François Choderlos de Laclos, escritor, além de oficial e general do exército francês, nasceu no dia 18 de outubro de 1741 na cidade de Amiens e morreu na cidade de Taranto, na Itália, em 5 de setembro de 1803.

As Relações Perigosas (Les Liaisons dangereuses) é seu mais famoso romance originalmente escrito em forma de cartas. Ficou mais conhecido no Brasil pelo filme “Ligações Perigosas”.

Inspirou também outro filme “Segundas Intenções” (1999), que transportou a entruncada história passada na França para uma linguagem mais acessível aos adolescentes.

e) Henry Miller e Anaïs Nin

Henry Miller (26 de dezembro de 1891, Nova Iorque, EUA – 7 de junho de 1980, Pacific Palisades, Califórnia, EUA), foi um controverso escritor norte-americano, casado com Junes Mansfield.

Anaïs Nin (21 de fevereiro de 1903, Neuilly, perto de Paris - 14 de janeiro de 1977, Los Angeles) foi uma autora francesa, casada com Hugh Guiler.

Ambos (Henry e Anaïs) foram amantes. Ambos misturavam, em suas obras, autobiografia e ficção.

Abaixo transcreverei dois excertos das obras de ambos:

“...Ó Tânia, onde estão agora aquela sua boceta quente, aquelas ligas gordas e pesadas,l aquelas coxas macias e arredondadas? Em meu membro há um osso de quinze centímetros de comprimento. Tânia, alisarei todas as pregas de sua vulva, cheia de semente. Mandá-la-ei de volta para seu Sylvester com a barriga doendo e o útero virado. Seu Sylvester. Sim, ele sabe acender um fogo, mas eu sei inflamar uma vagina...”[xxiii].

“..Ontem à noite não consegui dormir. Imaginei que estava no apartamento de Natasha novamente com Henry. Quis reviver o momento em que ele penetrou em mim enquanto estávamos de pé...- Anaïs, eu a sinto, seu calor até os dedos dos pés – Nele também é como um relâmpago. Ele sempre fica assombrado com minha umidade e meu calor. Freqüentemente, porém, a passividade do papel da mulher me pesa, me sufoca. Em vez de esperar pelo prazer dele, eu gostaria de tomá-lo, de enlouquecer. Será que é isso que me empurra para o lesbianismo? Isto me aterroriza. As mulheres agem assim? Será que June vai até Henry quando o quer? Ela trepa sobre ele? Espera por ele? Ele conduz minhas mãos inexperientes. É como um incêndio numa floresta, estar com ele. Novas partes do meu corpo ficam estimuladas e acesas. Ele é incendiário. Eu o deixo numa febre insaciável...”[xxiv]

5.2) Cinema

Também aqui colocamo-nos na difícil situação de ter de escolher entre tantas obras já apresentadas. Optamos por escrever um pouco sobre a pornochanchada. O texto abaixo foi retirado da Wikipédia[xxv], não a melhor fonte do mundo, mas a que disponho no momento.

Pornochanchada é um gênero do cinema brasileiro, comum na década de 1970. Surgiu em São Paulo, nos anos 70, e contou com uma produção bem numerosa e comercial. A mais conhecida produção era a da chamada Boca do lixo, região de baixa prostituição existente na zona central da cidade de São Paulo. Dessa fonte despontaram vários diretores de talento que souberam usar o que dava bilheteria na época (filmes eróticos softcore) para fazer filmes de grande valor estético e formal. Chamado assim por trazer alguns elementos dos filmes do gênero conhecido como chanchada e pela dose alta de erotismo que, em uma época de censura no Brasil, fazia com que fosse comparado ao gênero pornô, embora não houvesse, de fato, cenas de sexo explícito nos filmes. A censura, aliás, exigia que os filmes cumprissem diversas exigências, sem as quais os mesmos seriam sumariamente proibidos (muitos foram liberados totalmente retalhados pelos cortes, o que os tornava incompreensíveis). Dentre essas exigências, havia várias do tipo só mostrar um seio de cada vez, etc. Com o tempo, essa e outras exigências foram amenizadas com a liberação dos costumes e a abertura política iniciada em 1977, até que com o fim da censura em 1979, o gênero fosse substituído pelos filmes pornográficos exibidos em salas especiais. Ela revelou algumas atrizes que depois ficaram famosas na TV e passaram, de certa forma, a esconder de seus currículos a participação nos filmes do gênero.

Surgiram como filmes feitos para as massas, muito influenciados pelas comédias populares italianas. As cotas de exibição obrigatória, impostas pelo governo do período da ditatura militar, davam espaço para o desenvolvimento desse gênero - a lei obrigava as salas de exibição a exibir uma cota de filmes nacionais por ano. O sucesso de público também foi essencial para o sucesso pois possibilitavam que o filme ficasse por mais semanas em cartaz. Ao contrario do que comumente se pensa, eles não eram financiados pela Embracine mas sim por produtores independentes, comerciantes locais, ou quem mais se interessasse, porque eram de fato muito lucrativos.

Inicialmente ficou conhecida como cinema da "boca do lixo", pois os filmes eram produzidos numa região da cidade de São Paulo conhecida por esse nome. Depois surgiu também a pornochanchada carioca.

O gênero atraiu milhões de espectadores ao cinema no fim dos anos 70, fazendo com que atores e atrizes alcançassem o estrelato. Alguns atores e atrizes conseguiram migrar para a televisão e para os filmes sérios, outros permaneceram apenas no cinema até o fim do período da pornochanchada.

Dentre os atores que conseguiram mudar de estilo, destacam-se Sônia Braga, Nadia Lippi e Vera Fischer, sendo que esta chegou a ter problemas em sua cidade natal quando começou a participar deste gênero de filmes.

Dentre os filmes realizados destacam-se as adaptações dos contos de Nelson Rodrigues, que se auto-denominava o anjo pornográfico.

Iniciou sua decadência nos anos 80, com o fim da obrigatoriedade das cotas de exibição de fitas nacionais, o surgimento do videocassete e a exibição de filmes de sexo explícito nos cinemas (e em fitas vídeo, mais tarde).

Com o fim das pornochanchadas, acabou também a fama e o estrelato dos atores e atrizes que não conseguiram mudar de estilo até o início dos anos 80. Alguns conseguiram pequenos trabalhos na televisão e no teatro, como Matilde Mastrangi, enquanto outros simplesmente desapareceram, como Helena Ramos e David Cardoso.

Segundo Matilde Mastrangi (1), o grande problema para eles é que não tinham talento para continuar em outros segmentos cinematográficos.

Diz-se que a maior conseqüência do gênero foi o cinema brasileiro ficar marcado como sinônimo de cinema de nudez e palavrões. Durante os anos 90 foi comum as emissoras de tv fazerem exibições de filmes nacionais em horários avançados, dando a entender que seriam como sessões eróticas. Destacam-se aqui os programas Sala Especial, na TV Record, no começo dos anos 80, Sexta Sexy e, posteriormente, Cine Band Privé, ambos da TV Bandeirantes.

6) INSCRIÇÕES LATRINAIS/PAREDES DE POMPÉIA & OBJETOS FÁLICOS/SEX SHOPS

Renata Plaza Teixeira e Emma Otta[xxvi] fizeram um interessante estudo das inscrições em banheiros públicos, tendo mencionado, inclusive, que o hábito de escrever em paredes é antigo, tendo sido encontrados textos nas paredes da cidade de Pompéia.

O caráter de ditas pichações vai de político à sexual. O que impressiona é o fato de que este hábito moderno tão comum existe há tanto tempo. Vejamos algumas destas inscrições:

Pompeianis ubique salutem. = Saudações aos pompeanos onde quer que se encontrem.
Lucrum gaudium.= O lucro é felicidade.
Pecunia non olet.= O dinheiro não cheira.
Pituita me tenet.= Peguei um resfriado.
Marci Iuni insula sum.= Sou a ilha de Marcus Iuinius.
Oppi, emboliari, fur, furuncule= Oppius, palhaço, ladrão, ladrãozinho!
Virgula Tertio suo: indecen es.= Virgula ao seu Tertius: Você é (um) inconveniente.
Suspirium puellarum Celadus thraex. (No quartel dos gladiadores) = Celadus, o trácio, faz as garotas suspirar.
Luci Istacidi, at quem non ceno, barbarus ille mihi est.= Lucius Istacidius, com quem não janto, é um bárbaro para mim.
Miximus in lecto. Fateor, peccavimus, hospes. Si dices: Quare? Nulla fuit matella.= Mijamos na cama. Hospedeiro, reconheço que procedemos mal.Se me pergunta: por quê? (Porque) não havia penico.
Cacator cave malum, aut si contempseris, habeas Iovem iratum= Cagão, olha o mal (que fizeste), ou então, se o ignoras, terás a ira de Júpiter
Arphocras hic cum Drauca bene futuit denario.= Aqui Harphocras transou bem com Drauca por um denário. (Em um bordel)
Marcus Spendusam amat.= Marcus ama Spendusa.
Cornelia Hele amatur ab Rufo.= Cornelia Hele é amada por Rufus.
Secundus Prima suae ubi que isse salute rogo domina ut me ames.= Secundus cumprimenta a sua Prima onde quer que esteja e imploro à senhora que me ame.
Myrtis bene felas.= Myrtis chupa bem.
Epaphroditus cum Thalia hac.= Epaphroditus (esteve) aqui com Thalia.
Venimus hoc cupidi, multe magis ire cupimus Sed nostros illa puella pedes. = Viemos aqui de boa vontade, vamo-nos com muita mais vontade, mas reteve-nos (nossos pés) aquela garota.
Amantes ut apes vitam mellitam exigunt. - vellem.= Os amantes, como as abelhas, vivem uma vida melíflua (melosa) - Eu acho!
Mussius hic nihil futuit.= Mussius nunca transou aqui.
Quisquis amat valeat.= Boa sorte a quem quer que ame!

Objetos Fálicos e Sex-Shops.

Também em Pompéia foram encontrados diversos objetos fálicos, geralmente representações do deus Priapo.

Hoje, seria inconcebível a utilização de uma ‘campainha’ que contivesse a forma fálica, nem tampouco a utilização de amuletos com a mesma forma. Todavia, no contexto em que eram inseridos (culto ao deus da fertilidade).


Relativamente à semelhança com artigos de Sex-Shop, temos que alguns artigos destes locais são puramente adornativos, conforme segue:


7) REMINISCÊNCIAS NA ATUALIDADE – INFLUÊNCIAS TEOLÓGICAS NA SEXUALIDADE

Atualmente a maneira como encaramos a sexualidade também sofre influências dos dogmas religiosos.

Há alguns dias atrás, entrei em contato com o seguinte texto que está circulando na web, cuja autoria se atribui ao líder de uma seita cristã

“...POSIÇÕES SEXUAIS E SEUS PECADOS

Posição de 4: É uma das posições mais humilhantes para a mulher, pois ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra. Animais são seres que não possuem espírito, então, o homem que faz o cachorrinho com sua parceira fica com sua alma amaldiçoada e fétida.
Sexo Oral : O prazer de levar um órgão sexual a boca é condenado pelas leis divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua para apreciar os sabores. A mulher engolindo o sêmen não vai ter filhos. E o homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de sua parceira.
Sexo Anal: O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões de bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto só existem ratos, baratas e mendigos. A pessoa que sodomiza ou é sodomizada se iguala a um rato pestilento. Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado. Mas o pior é quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura já está carimbado nos confins do inferno. Veja a maneira certa de se relacionar sexualmente, segundo a cartilha:
Posição Recomendada: O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso. Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem após penetrar a mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, pois a fêmea deve estar orando ao Senhor para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide. Depois do ato sexual, os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo. Como penitência... O açoite com vara de bambu é aceito em forma de purificação.”


Desconhece-se a verdadeira autoria do texto, mas considerando-se o tom das mensagens propaladas por algumas denominações religiosas, entendemos que é bem possível que isso esteja sendo ensinado em alguns templos.

Infelizmente, as religiões de cunho judaico/cristãs, baseando-se em Paulo, ainda contribuem para um clima de total submissão feminina. Senão vejamos:

“Homem e mulher são iguais moralmente, mas o homem é a cabeça posicionalmente. As Escrituras declaram explicitamente: "Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão... Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus" (1 Co 11:8,9,11,12). Que apresentação primorosamente comedida e equilibrada da verdade!
...
Tudo isto tem a intenção de ilustrar o relacionamento entre Cristo e a igreja. Em Efésios 5, o relacionamento entre ma marido e mulher foi desvendado. Deve a mulher se submeter ao marido? Sim, com base na declaração de que "o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja" (Ef 5:23). Da mesma forma, os maridos devem amar suas esposas "como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5:25). Deve o homem abandonar seu pai e sua mãe para se juntar à sua mulher como uma só carne? Quanto a isto somos lembrados: "Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja" (Ef 5:32).
Quando as mulheres saem do seu lugar, parece que se transformam em presas especiais do diabo. Na parábola foi uma mulher que introduziu o fermento nas três medidas da massa -- tipo da introdução de princípios corruptos, que permearam a fé cristã (Mt 13:33; 16:12). Foi uma mulher -- Eva -- que "sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Tm 2:14).

Há "mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências" (2 Tm 3:6) que são cativadas por homens perversos nestes perigosos últimos tempos. É uma mulher -- Jezabel -- que permanece como exemplo histórico no Antigo Testamento de tudo o que é repugnante e perverso; que permanece figuradamente no Apocalipse como exemplo da corrupção eclesiástica e depravação religiosa da pior espécie (Ap 2:20).

O fato de que a mulher "provém do varão" demonstra a sua igualdade. Ela não é inferior, mas igual, ajudadora. Entre homem e mulher há semelhança, identidade; entre o homem e a mulher há igualdade, mas com distinção. E é por isso que o fato de que a mulher "provém do varão" também proclama a supremacia que Deus concedeu ao homem, além do privilégio que ela tem de conceder ao homem o lugar que Deus lhe deu.

Homem e mulher são iguais moralmente, mas o homem é a cabeça posicionalmente. As Escrituras declaram explicitamente: "Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão... Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus" (1 Co 11:8,9,11,12). Que apresentação primorosamente comedida e equilibrada da verdade!

Quando nos aproximamos do Novo Testamento, descobrimos a posição das mulheres piedosas, honradas e belas no mais alto grau. A virgem Maria -- "agraciada" -- "bendita entre as mulheres"; sua prima Isabel, mãe de João Batista; Ana, idosa viúva de oitenta e quatro anos, dedicada ao serviço de Deus, são as mais belas personagens conectadas ao nascimento de Cristo.

Seu lugar enfaticamente não é o do testemunho público. Temos sessenta e seis livros na Bíblia e todos os seus autores foram homens. Não há uma mulher entre os autores. Foram diretamente escolhidos por Deus. Houve doze apóstolos, e foram todos homens. Nenhuma mulher foi escolhida para apóstolo. Foram setenta os enviados pelo Senhor, além dos apóstolos. Não fomos informados de que houvesse uma mulher entre eles. A suposição de que todos eram homens é tão forte, em associação com os ensinamentos gerais das Escrituras a este respeito, que resulta em prova positiva. Houve "sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria", escolhidos em Atos 6 para "servir às mesas". Nenhuma mulher foi escolhida.

Lemos em 1 Coríntios 14:34,35: "As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja." Está bem claro que a mulher participar publicamente na igreja é um desafio às Escrituras.

Mais uma vez as Escrituras declaram que "se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são MANDAMENTOS DO SENHOR" (1 Co 14:37). Além disso, a passagem em 1 Timóteo 2.8 é bastante clara: "Quero pois que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda." Aqui a palavra significa exatamente "homens" em contraposição a "mulheres". No versículo seguinte o apóstolo fala de mulheres, em contraposição a homens, exortando-as à modéstia e simplicidade nas roupas e ornamentos. E então o apóstolo acrescenta: "A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido (ou "sobre o homem" conforme algumas versões), mas que esteja em silêncio" (1 Tm 2:11,12)...”
[xxvii]

Todas esses textos são utilizados em alguns templos religiosos a supremacia do homem em relação à mulher (como o site indicado existem vários outros) .

Como se não bastassem o rebaixamento da mulher, também alguns segmentos religiosos propalam que a homossexualidade é doença, prometendo a cura:

“...São diversas as causas do homossexualismo, porém sempre ligadas à vida emocional e espiritual. Há pessoas que foram iniciadas no homossexualismo quando eram crianças - na maioria das vezes por um adulto da família ou vizinhança. Outras pessoas foram vítimas de abuso sexual. Outros, ainda, cresceram em famílias desequilibradas, onde os papéis do pai ou da mãe estavam trocados ou indefinidos. Muitos gays e lésbicas trazem em seu histórico uma mãe dominadora e/ou um pai apagado. Quando o homossexualismo não é fruto de aliciamento ou violência sexual, sua causa mais comum é o desequilíbrio da família.

Não poderíamos deixar de citar as causas espirituais do homossexualismo. São inúmeros os casos de homens e mulheres que nunca sentiram qualquer atração por pessoa do seu próprio sexo, mas que depois de certos rituais religiosos começaram a manifestar tendências homossexuais e passaram a praticar o homossexualismo. Estes relatos vêm especialmente de pessoas envolvidas com umbanda, candomblé, espiritismo e religiões afins...
.”
[xxviii]

Ou seja: numa só tacada o autor da pérola atacou não só a homossexualidade (que foi excluída da lista de doenças da OMS) como também outras seitas/religiões.

Tal comportamento é EXPURGADO pelo nosso ordenamento jurídico, principalmente pela Constituição Federal de 1988.

8) CONCLUSÃO

A sexualidade é natural ao ser humano. Demonizá-la ou tratá-la como algo ignóbil, indecente ou impuro é vilipendiar nossa própria natureza.

Os conceitos de moralidade/ética são mutáveis conforme a sociedade em que estão inseridas. Se hoje o presente estudo pode ser considerado escandaloso, amanhã pode ser considerado cômico ou ingênuo. Como exemplo citamos os casos de Flaubert e Baudelaire, que por causa de seus livros Madame Bovary e As flores do Mal foram condenados nos tribunais de seus países.

A liberdade sexual é um direito Humano, não pode ser tolhido por conceitos religiosos, num Estado laico.

Anotamos que não condenamos quaisquer práticas religiosas, somente entendemos que determinado grupo religioso não pode impor suas crenças a outro.

Também não defendemos a libertinagem sexual, que não pode ser confundida com a liberdade sexual. Defendemos que as pessoas podem dispor de seus corpos como bem entenderem, sem que fiquem sujeitas à qualquer tipo de acepção por este motivo (prática, aliás, condenada por lei).

Esperemos, portanto, que o presente contribua de alguma forma para a tolerância de pensamentos que divirjam dos nossos.

9) BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, Silvia Barbosa de. As virtudes do pecado: narrativas de mulheres a "fazer a vida no centro da Cidade". [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2000
GOMES, Sérgio. ENSAIOS HOMOERÓTICOS I. O Homoerotismo na antigüidade clássica.

ROUANET, Sérgio Paulo. A razão cativa – as Ilusões da consciência: de Platão a Freud. Ed. Brasiliense, 1985

ROBERT, Jean-Noël. Os prazeres de Roma. São Paulo.Ed. Martins Fontes, 1995.

PETRÔNIO, Gaio, Satiricon. São Paulo, Editora Civilização Brasileira S/A, 1985

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo. Ed.Cia das Letras

BRANCO, Lucia Castelo. O que é erotismo. Col.Primeiros Passos. São Paulo, Editora Brasiliense S/A. 1983

BÍBLIA SAGRADA. Cantares de Salomão. 4:7-14 e 7:1-6

SCILIAR, Moacyr. A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Ed.Planeta do Brasil Ltda

ECO, Umberto. O nome da rosa. Rio de Janeiro, 2003. Ed.Globo

RIOS, Roger Raupp. Horizontes Antropológicos. Para um direito democrático da sexualidade

MIILLER, Henry. Trópico de Câncer. Rio de Janeiro, 2003. Editora o Globo

NIN, Anaïs. Henry e June. Delírios Eróticos.Rio de Janeiro,1999. Editora Record

TEIXEIRA, Renata Plaza & OTTA, Emma. Grafitos de banheiro: um estudo de diferenças de gênero


10) NOTAS DE FIM

[i] http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia, último acesso em 02/11/2007
[ii] http://br.geocities.com/luizmottbr/artigos05.html, último acesso em 02/11/2007
[iii] http://www.museudosexo.com.br/salahistoria_origensCultoFalico.asp, último acesso em 02/11/2007
[iv] Carvalho, Silvia Barbosa de. As virtudes do pecado: narrativas de mulheres a "fazer a vida no centro da Cidade". [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2000. Retirado do site: http://portalteses.cict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00003702&lng=pt&nrm=iso, último acesso em 02/11/2007
[v] Gomes, Sérgio. ENSAIOS HOMOERÓTICOS I. O Homoerotismo na antigüidade clássica. http://www.revistapsicologia.com.br, último acesso 03/11/2007
[vi] Rouanet, Sérgio Paulo. A razão cativa – as Ilusões da consciência: de Platão a Freud. Ed. Brasiliense, 1985.
[vii] Robert, Jean-Noël. Os prazeres de Roma. São Paulo.Ed. Martins Fontes, 1995, pg.216-217
[viii] Idem
[ix] Petrônio, Gaio, Satiricon. São Paulo, Editora Civilização Brasileira S/A, 1985. p.191-192
[x] Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo. Ed.Cia das Letras.
[xi] Branco, Lucia Castelo. O que é erotismo. Col.Primeiros Passos. São Paulo, Editora Brasiliense S/A. 1983. p.67
[xii] Cantares de Salomão. 4:7-14 e 7:1-6
[xiii] Sciliar, Moacyr. A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Ed.Planeta do Brasil Ltda. P.89-90
[xiv] Eco, Umberto. O nome da rosa. Rio de Janeiro, 2003. Ed.Globo.p.261-262
[xv] Fonte: http://www2.camara.gov.br/comissoes/cdhm/redeparlamentarndh/pedofiliaefieis/
[xvi] Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/perguntas.html
[xvii] http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Mutilacao_Genital_Feminina.htm
[xviii] Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo
[xix] Fonte: http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS232EC481PTBRIE.htm
[xx] Rios, Roger Raupp. Horizontes Antropológicos. Para um direito democrático da sexualidade. Retirado de http://www.scielo.br/, último acesso em 02/11/2007.
[xxi] Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marqu%C3%AAs_de_Sade
[xxii] Idem
[xxiii] Miller, Henry. Trópico de Câncer. Rio de Janeiro, 2003. Editora o Globo, p.11
[xxiv] Nin, Anaïs. Henry e June. Delírios Eróticos.Rio de Janeiro,1999. Editora Record..p.70
[xxv] http://pt.wikipedia.org/wiki/Pornochanchada
[xxvi] Grafitos de banheiro: um estudo de diferenças de gênero. Retirado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X1998000200004&script=sci_arttext, último acesso em 02/11/2007
[xxvii] Fonte: http://www.stories.org.br/textos/mle.html, último acesso em 02/11/2007
[xxviii] Fonte: http://www.getsemani.com.br/biblia/estudos.asp?htm=saindo, último acesso em 02/11/2007