terça-feira, 30 de outubro de 2007

Administração - A Teoria Clássica da Administração

Texto de:
Anderson Ramos Sousa
Fátima Tardelli

1- PREFÁCIO

O assunto foi analisado por todos os ângulos possíveis. Assim, fizemos uma abordagem simplista, superficial e despretensiosa, espero que seja de alguma valia.

2 - INTRODUÇÃO

Trata o presente do tema que nos foi apresentado: Teoria Clássica da Administração.

Uma rápida leitura do material colhido nos permitiu identificar a necessidade de situarmos historicamente o período em que surgiram tais teorias, demonstrando as forças que as antecederam.

Posterior à abordagem histórica, seguirá a situação da teoria dentro das demais teorias administrativas, a conceituação da Teoria Clássica, sua comparação com outras, a aplicação prática em algumas organizações e, finalmente, uma crítica.

3 – ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Toda e qualquer matéria teórica que busque explicar ou modificar o comportamento humano necessita ser analisada também sob o ângulo histórico, ou seja: necessita de uma explicação sobre as forças que antecederam determinado período.

Por este motivo, considerando que a Administração é uma ciência humana, que cria teorias que busquem um melhor desenvolvimento das organizações (empresas, Estado, etc), abordaremos o contexto histórico em que tais teorias nasceram.

3.1 – O TRABALHO NA ERA FEUDAL

Sabe-se que no feudalismo, a Sociedade estava divida em estamentos, ou seja: ou o homem fazia parte da classe dos privilegiados (nobres, senhores feudais, clérigos), classe esta que vivia à custa de outra; ou fazia parte da classe dos explorados (camponeses ou servos, derivada da palavra latina servus - escravo).

O declínio do Império Romano, especialmente sua vulnerabilidade ante às investidas germânicas e eslavas transformou como prioridade do homem europeu a segurança e propiciou o surgimento de um novo sistema: o feudal.

No sistema de produção historicamente denominado feudalismo, o homem comum abriu mão de sua liberdade em troca da proteção propiciada pelo senhor feudal, nas palavras de Hunt e Sherman ‘os fortes defendiam os fracos’.[1], Leo Hubermam, citando o professor Boissonnade, aduz que referida proteção era ilusória:

“O sistema feudal, em última análise, repousava sobre uma organização que, em troca de proteção, freqüentemente ilusória, deixava as classes trabalhadoras à mercê das classes parasitárias, concedia a terra não aquém a cultivava, mas aos capazes de dela se apoderarem...”[2]

O homem, enquanto inserido neste Sistema, preocupava-se antes com a salvação de sua alma e com problemas cotidianos (quantidade de dias que tinha de trabalhar para o senhor feudal, por exemplo): por trás do sistema feudal havia a Ética Paternalista Cristã, teologia que refletia e legitimava o status quo feudal.

Referida teologia, pregada pela Igreja, maior senhora feudal da época, tinha grande influência no pensamento e no comportamento do homem; a vida terrena era colocada em segundo plano; o prazer e a felicidade seriam alcançados fora desta vida. Tais conceitos faziam com que o homem camponês suportasse as piores condições possíveis, na esperança de alcançar a felicidade no Paraíso.
O camponês era explorado, mas havia uma segurança neste modo de vida, mesmo que ilusória: o camponês sabia que estava preso à terra, mas sabia que não poderia dela ser retirado, e nas épocas de má colheitas, poderia recorrer ao senhor:

Eric Hobsbawm assim se manifestou sobre o período:

Durante a Idade Média européia, os camponeses trabalhavam a serviço dos nobres latifundiários. Esses trabalhadores chamados servos que cuidavam das terras de seu dono, a quem chamavam de senhor, recebiam em troca uma humilde moradia, um pequeno terreno adjacente, alguns animais de granja e proteção ante os foragidos e os demais senhores. Os servos deviam entregar parte de sua própria colheita como pagamento e estavam sujeitos a muitas outras obrigações e impostos.“Pois o velho sistema tradicional, embora ineficaz e opressor, era também um sistema de considerável certeza social e, num nível bastante miserável, de alguma segurança econômica, para não mencionarmos que era consagrado pelo costume e a tradição. As fomes periódicas, o peso do trabalho, que faziam os homens se tornarem velhos aos 40 anos de idade as mulheres aos 30, eram atos de Deus; só se transformaram em atos pelos quais os homens eram considerados responsáveis em tempos de miséria anormal ou de revolução...
...

Por exemplo, na Prússia, a emancipação deu-lhe dois terços ou a metade da terra que eleja cultivava e a libertação do trabalho forçado e de outras obrigações, mas formalmente lhe tomou: sua possibilidade de reivindicar a assistência do senhor feudal em tempos de colheita ruim ou de praga do gado; seu direito de retirar ou comprar combustível barato das florestas do senhor; seu direito à assistência do senhor para reparos ou reconstrução de sua casa; seu direito, no caso de extrema pobreza, de pedir ajuda ao senhor para pagar os impostos; e seu direito de dar de pastar aos animais dos campos do senhor.Para o camponês pobre parecia uma troca nitidamente desfavorável....”[3] (grifos nossos)

3.2 – O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

3.2.1 – Forças que possibilitaram o desenvolvimento do comércio e da produção manufatureira – embrião do capitalismo.

A roda da evolução não pode ser refreada: o crescimento da produtividade agrícola, o aperfeiçoamento tecnológico (agrícola) favoreceu o crescimento populacional, com conseqüente migração do homem para os centros urbanos e conseqüente desenvolvimento da produção manufatureira.

Ponto a ponto analisaremos cada um dos tópicos acima.

a) crescimento da produtividade agrícola e o aperfeiçoamento tecnológico:

O homem, enquanto ser pensante, sempre busca formas de facilitar sua vida e diminuir a fadiga: assim se deu com o desenvolvimento da ‘pedra lascada’ para o ‘pedra polida’, assim se deu também com o desenvolvimento de novas ferramentas.

Referida criação tecnológica pode hoje parecer simplista, mas para o homem do campo a criação de uma ferramenta nova, como a enxada, por exemplo, poderia significar menor gasto de tempo para o arado da terra e possibilidade de produzir mais num menor tempo. Hunt e Sherman bem explicam o ocorrido:

“...A substituição do sistema de rodízio de cultura em dois campos pelo sistema de rodízio de três campos foi o avanço tecnológico mais importante ocorrido na Idade Média...
..Os camponeses que cultivavam as terras do feudo perceberam também que poderiam trocar o excedente por dinheiro nos mercados locais de grãos. Com esse dinheiro podiam obter do senhor a comutação de suas obrigações em trabalho....




. ...Uma série de mudanças profundas provou o declínio do feudalismo e a emergência de uma nova economia orientada para o mercado. As mais importantes dessas mudanças foram os progressos ocorridos na tecnologia agrícola entre o século XI e o final do século XIII. Os aperfeiçoamentos introduzidos na tecnologia agrícola desencadearam, nos séculos subseqüentes, uma sucessão de acontecimentos que culminaram na consolidação do capitalismo....”[4]

b) Crescimento populacional
Em referida época histórica, houve um elevado e célere crescimento populacional, ocasionado, principalmente, pelo aperfeiçoamento da tecnologia agrícola e dos meios de transporte, segundo Hunt e Sherman (obra citada) “As estimativas históricas mais seguras demonstram que a população européia duplicou entre os anos 1000 e 1.300”[5].

c) Migração do homem para os centros urbanos
Segundo Hunt e Sherman[6], o rápido crescimento da concentração urbana foi a outra segunda mais importante mudança relacionada ao crescimento populacional.
d) Desenvolvimento da produção manufatureira
Com o crescimento da produtividade agrícola, a utilização mais racional do trabalho humano, da energia e dos transportes, o excedente de alimentos criado, houve um excedente de mão-de-obra para os mercados locais, enquanto que o desenvolvimento do comércio estimulou a produção manufatureira, pois o excedente de mão-de-obra migrou para onde havia ‘demanda por trabalho’: as manufaturas.

Segundo Chiavenato[7], “O rápido e intenso fenômeno da maquinização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas, que passaram a integrar maiores e que, aos poucos, foram crescendo e se transformando em fábricas”.

3.2.2 – A Invenção da máquina a vapor e impulsionamento do capitalismo
O espaço temporal no qual o camponês exercia sua atividade laborativa era o dia, o espaço físico era o feudo. Nos primórdios do capitalismo a possibilidade de acumulação de riqueza através do lucro criou uma cada vez maior ânsia em criar meios de maior produção que possibilitassem o aumento de lucros.

Por isso, foi inventada a máquina a vapor (James Watt), sendo que as primeiras foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos.



A utilização destas máquinas possibilitou um inimaginável aumento na a produção de mercadorias. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.

A invenção da máquina a vapor, por definitivo, fez com que a era agrícola fosse superada, enquanto que a máquina ia suplantando o trabalho humano.

Segundo Hunt e Shermam, “Em muitos outros setores industriais, os empresários perceberam que, aumentando a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzindo os custos de produção, era possível ampliar a sua margem de lucros. Esse período caracterizou-se por uma verdadeira ‘explosão de atividades inventivas’ ”[8].

Já desde já vemos o embrião das teorias Tayloristas para o aumento da produtividade!
Na ‘corrida pelo ouro’ da busca pelo lucro já havia sido dada a largada: até mesmo os então camponeses (operários), buscavam se estabelecer nos locais em que havia maior possibilidade de crescimento econômico:

“...As principais cidades manufatureiras experimentaram um crescimento realmente espetacular. A população de Manchester, por exemplo, estimada em 17.000 habitantes em 1760, subiu para 237.000 em 1831 e 400.000 em 1851. A produção de bens manufaturados praticamente dobrou na segunda metade do século XIX. Por volta de 1801, cerca de 30% da força de trabalho existente na Inglaterra estava empregada nas atividades manufatureiras e mineradoras; em 1831, esta cifra ascendeu para cerca de 40%. Os imensos centros urbanos manufatureiros que surgiram em conseqüência da Revolução Industrial, e nos quais predominava o sistema fabril, modificaram profundamente a fisionomia da Inglaterra. O rápido crescimento da produtividade acompanhou essas transformações elevou a Inglaterra à condição de potência hegemônica, no plano político e econômico, do século XIX.”[9]

3.2.3 – A Revolução Industrial e o surgimento de teorias para a organização das indústrias (embriões das teorias administrativas).

Assim como o “5S”[10] surgiu da necessidade de organização das indústrias japonesas do pós-guerra, as teorias administrativas surgiram da necessidade de uma melhor organização das indústrias para aumento da produtividade e do lucro. Expliquemo-nos:
a) a busca pelo lucro e a exploração dos trabalhadores:

O trabalhador da época tinha explorada ao máximo sua capacidade laborativa; era comum o emprego de mão-de-obra infantil e feminina; aquele que não se adaptava ao ritmo praticamente escravo, estava condenado à miséria.

Se hoje a idéia de um homem trabalhar dezesseis horas por dia, ter quase nenhum alimento para se alimentar (somente o bastante para continuar vivo), nenhuma limitação à quantidade de serviços que pode ser obrigado a prestar e nem quanto à qualidade dos locais de trabalho causa horror ao menos insensível dos homens e leva à idéia da escravidão, à época era fator natural; aceito pelos trabalhadores como mais um fardo a carregar e imposto pelos burgueses com base no credo psicológico que de certa maneira autorizava tal exploração e acalentava a consciência dos exploradores.
Segundo Hunt e Sherman, o credo psicológico da época era o liberalismo clássico que se baseava em quatro pressupostos da natureza humana:

- O homem é egoísta – baseada em Thomas Hobbes (O Estado como Leviatã) – todas as ações humanas seriam sempre motivadas pelo desejo de sentir prazer e o medo de sentir dor;

- O homem é frio e calculista – na busca pelo prazer e na rejeição da dor, o homem avalia todas as situações de forma fria e calculista, sempre fazendo as escolhas que levem mais próximo ao prazer e mais longe da dor.

- O homem é inerte e atomista- as únicas motivações da ação humana são a busca pelo prazer e pela dor, se não encontrassem atividades que levassem à uma e o distanciassem da outra, ficariam inertes, entregues à indolência.

Trata-se do ‘credo psicológico’ descrito por Hunt e Sherman[11] e que levavam fatalmente à conclusão de que os trabalhadores eram incuravelmente preguiçosos, o que fazia com os industriais capitalistas cressem que ou a extrema miséria ou fome (dor) ou benefício ou recompensa (prazer) poderia incentivar os trabalhadores a trabalharem com afinco, o que justificava a intensa e contínua exploração daqueles ‘indolentes’.

b) reação dos trabalhadores – resposta dos patrões:

Ao longo da Revolução Industrial, a classe operária foi quem mais sofreu, enquanto que a ‘classe média’ enriquecia a olhos vistos, segundo Hunt e Sherman:
“...O momento em que os pobres chegaram ao extremo da penúria ...coincidiu justamente com o momento em que a classe média não sabia mais o que fazer com todo o capital acumulado, investindo, desenfreadamente na construção de ferrovias ou na aquisição das opulentas mobílias, exibidas na Grande Exposição de 1851, ou ainda em suntuosas construções municipais ...”[12]
Por óbvio que esta situação não poderia se sustentar por muito tempo, o trabalhador reagiu violentamente a esta condição sub-humana. Algumas ações foram isoladas, como a sabotagem (do francês ‘sabot-age’): as mulheres e crianças eram levadas às fábricas para trabalharem 14, 16 horas por dia sem direito a descanso, em péssimas condições de higiene, sem qualquer segurança, quase sem remuneração. As mulheres usavam uma espécie de tamanco grosseiro (sabot em francês) e descobriram que se colocassem referidos tamancos nas engrenagens das máquinas estas quebrariam e no tempo que os seus ‘patrões’ levariam para consertá-las, elas poderiam descansar e organizar a resistência e luta.

As condições deploráveis à que estavam submetidos os operários, aliada à destruição de seu modo de vida tradicional e à dura disciplina das fábricas levaram a motins e rebeliões e ao fortalecimento/união dos operários, que em 1787, p. ex, em meio a uma crise de desemprego, os trabalhadores conseguiram estabelecer um preço mínimo por peça de tecido[13]..

A reação dos patrões não demorou à chegar: “...As organizações sindicais proliferaram rapidamente na década de 1790. O fortalecimento dos sindicatos e o profundo descontentamento econômico e social que imperava na época atemorizou as classes dominantes. Ainda estavam frescas, em sua memória, as lições da Revolução Francesa. Para elas, não havia perigo maior que a força da classe operária unida. Este temor inspirou a Lei das Associações (combination Act), promulgada em 1799, que declarava ilegal qualquer associação de trabalhadores que tivesse por finalidade a obtenção de salários mais elevados, a redução das horas de trabalho ou a introdução de regulamentos que restringissem a liberdade de ação de seus empregadores. Na defesa da lei, seus proponentes evocaram a necessidade de resguardar a livre concorrência e alertaram para os malefícios do monopólio- temas cardeais do liberalismo clássico – esquecendo, evidentemente, de mencionar as associações de empregadores e as práticas monopolistas a que recorriam os capitalistas.”[14].
Assim, este ‘eterno dilema’ entre Capital e Trabalho trouxe baixas de ambos os lados, mas as perdas do Trabalho foram infinitamente maiores.

c) o surgimento das idéias organizacionais:

Em meio a todo este ‘caos’ e em decorrência de todo um processo histórico, surgiram as idéias administrativas; que a serviço do Capital, buscavam maximizar os lucros por meio de uma melhor organização das fábricas/empresas.

4 – TEORIAS ADMINISTRATIVAS
Para que possamos discorrer sobre a Teoria Clássica da Administração, tema do presente estudo, por primeiro temos de situá-la dentro das demais teorias administrativas, pelo que segue um breve relato de cada uma delas. Não havendo consenso entre os escritores, adotamos a indicada no “Estudo Evolutivo da Teoria Geral da Administração em Empresas de Serviço”[15].

4.1– TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
Segundo Chiavenato, Taylorismo ou Administração Científica é um modelo desenvolvido pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor, considerado o “Pai da Administração”. Taylor buscava levar sua experiência enquanto engenheiro para dentro das indústrias, começou sua experiência com o trabalho de operários e ênfase nas tarefas. Introduziu o uso de cronômetro com o fim de, estabelecendo o tempo médio para a execução das tarefas, eliminar o desperdício e reduzir os custos, dando incentivos salariais e prêmios de produção (Homem Econômico). Para Taylor, aprimorando o trabalho no ‘chão’ das fábricas, era possível propor e executar mudanças nas responsabilidades dentro da empresa.


A teoria de Taylor podia ser muito boa no sentido de eliminação de custos e aumento da produção, pois gerava maior lucratividade para o capitalista (Capital), mas para o trabalhador (Trabalho) , via de regra era mais um sistema de opressão, pois além de alienar totalmente o trabalho, ainda gerava uma constante ansiedade por busca na produtividade; se o trabalhador não se adaptasse, seria descartado. Daí o surgimento de críticas, em especial a de Charles Chaplin, no filme “Tempos Modernos”, onde foi magistralmente retratado como tal sistema transformaria o homem numa anão ante às engrenagens do novo sistema.

4.2– TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA
Principal tema do presente estudo, que será abordado de forma mais profunda em capítulo específico, a Administração Clássica foi idealizada por Henry Fayol e caracterizava-se pela ênfase na estrutura organizacional, pela visão do Homem Econômico e pela busca na máxima eficiência. Sua diferença principal com o Taylorismo reside no foco: Taylor = tarefas, Fayol=estrutura.

Aduz Chiavenato que tal teoria caracteriza-se pela divisão do trabalho, que pode ser vertical (níveis de autoridade) ou horizontal (departamentaização). Definiu os 14 princípios gerais da administração como sendo procedimentos que deveriam ser aplicados a qualquer tipo de organização ou empresa. Para Fayol, à medida que desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção de outras funções da empresa e à medida que se sobe na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas.
Tais princípios foram estabelecidos por Fayol em seu livro “Administração Industrial e Geral”, publicado em 1916, somente traduzido para o inglês em 1949.

4.3– TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS

Nascida como reação à Teoria Clássica da Administração, surgiu com uma experiência realizada por Mayo (1933) na fábrica de Western Eletric Company em Hawthorne no ano de 1927, onde se buscou avaliar as pessoas e seus comportamentos dentro das organizações.

Fig.10 – Foto da “Western Electric Company” em Hawthorne.Local onde Mayo efetuou suas experiências.

A partir destas experiências, novos conceitos foram incluídos à Administração, tais como: a) a integração social e o comportamento social dos empregados, b) cãs necessidades psicológicas e sociais e a atenção para as novas formas de recompensa, c) o estudo de grupos informais e a organização formal, d) o despertar para as relações humanas dentro das organizações, e) o ênfase nos aspectos emocionais e não racionais do comportamento das pessoas, f) a importância do conteúdo dos cargos e tarefas para as pessoas.

4.4– TEORIA COMPORTAMENTAL

Segundo definição do estudo indicado, A Teoria comportamental ou Behaviorista iniciou seus estudos com base nas organizações formais, dando enfoque nas relações humanas (pessoas e ambiente); Maslow (1954) teria apresentado uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estariam organizadas e dispostas em níveis: Necessidades Fisiológicas, de Segurança, Sociais, de Estima e de Auto-realização.

4.5– TEORIA BUROCRÁTICA
Fig.11 – Foto da Max Weber.Imagem capturada por Leif Eriksson.



Ainda segundo o mesmo estudo, a burocracia é a forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos para garantir a máxima eficiência. Os estudos de Weber (1967) teriam sido voltados à sociedade, organização e papelórios, descrevendo todas as funções de cada cargo e estabelecendo regras e regulamentos formais. Weber teria considerado a burocracia como um sistema social, mas principalmente como um tipo de poder, distinguindo três tipos de sociedade, onde cada uma corresponderia a um tipo de autoridade: Tradicional; Carismática, Legal, Racional ou Burocrática.

4.6– TEORIA ESTRUTURALISTA

Teria surgido da oposição entre a teoria tradicional e a das relações humanas. A Teoria Estruturalista visualizava a organização como uma unidade social, onde grupos sociais compartilham cm alguns objetivos da organização.

O homem organizacional seria aquele que desempenha papéis em diferentes organizações e, para ser bem sucedido, precisa ter como características: flexibilidade, tolerância às frustrações, capacidade de adiar as recompensas e permanente desejo de realizações.


Fig.12 – Amitai Etzioni Etzioni (1967) elaborou sua tipologia de organizações classificando-as com base no uso de significado da obediência, determinando Organizações Coercitivas, Utilitárias e Normativas. Blau e Scott (1970) representam uma tipologia baseada no benefício principal. Para eles, há quatro categorias de organização formal: os próprios membros da organização, os proprietários, os clientes e o público em geral.

4.7– TEORIA NEOCLÁSSICA

Segundo Chiavenato, as principais características desta teoria seriam a ênfase na prática da administração, a ênfase nos princípios gerais da administração, a ênfase nos objetivos e nos resultados e o ecletismo nos conceitos. Drucker (1962) teria salientado que existiram três aspectos principais nas organizações: a) quanto aos objetivos, b) à administração e c) ao desempenho individual.
A organização teria de ser apreciada sob dois enfoques: a) eficiência (medida do alcance dos resultados) e b) eficácia (medida da utilização dos recursos neste processo). As hierarquias são de dois tipos: a) de objetivos e b) de planejamento, sendo que este último se subdividiria em três níveis distintos: b.1) planejamento estratégico, b.2) planejamento tático e b.3) planejamento operacional.




Fig.13 – Peter F.Drucker -1909-2005 As funções básicas do Administrador seriam: a) o planejamento, b) a organização, c) a direção e controle. Ao conjunto destas funções dar-se-ia o nome de Processo Administrativo.
4.8 – TEORIA GERAL DOS SISTEMAS (TGS)

Segundo Chiavenato, a TGS surgiu com os trabalhos do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy. A TGS não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias e formulações conceituais para aplicações na realidade empírica. O significado principal da teoria é a busca pela análise da organização como um todo e não só em seus departamentos ou setores.

Fig.14 – Ludwig Von Bertalanffy



Bertalanffy criticou a visão do mundo divida em setores (Psicologia, Física, Química, Biologia, etc), posto que não existiria, de fato, uma linha limítrofe solidamente definida entre todos os campos do conhecimento humano, a contrario sensu, todos os campos seriam interdependentes, pois a natureza não se subdivide da forma como as ciências o são.


5 – TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

Analisaremos a teoria sob diversos aspectos: a) biografia do criador, b) análise da obra, c) crítica de Chiavenato, d) comparação à de Taylor, e).

5.1 – BIOGRAFIA DO CRIADOR DA TEORIA

Jules Henri Fayol, engenheiro francês, nasceu em Constantinopla, em 1841 e faleceu em paris, em 19 de novembro de 1925. Estudou na Escola de Minas de Saint-Étienne e foi diretor de diversas sociedades de sua especialidade, em particular, da Société Anonyme de Commentry-Four-Chambault et Decazeville, que dirigiu de 1888 a 1918.
Fig.15 – Fayol – 1841-1925



Era filho de pais franceses, seu genitor, André Fayol, era um contramestre em metalurgia.
Casou-se com Adelaide Saulé e teve três filhos, Marie Henriette, Madeleine e Henri Joseph, o último sempre hostil às idéias do pai. Convencido da necessidade de organizar o pessoal das grandes empresas de modo racional, dedicou-se desde a juventude ao estudo desta matéria, chegando a criar a doutrina que leva o seu nome.

Criou o Centro de Estudos Administrativos, onde se reuniam semanalmente pessoas interessadas na administração de negócios comerciais, industriais e governamentais, contribuinte para a difusão das doutrinas administrativas.

Em 1888, aos 47 anos, assumiu a direção geral organização já citada, aa mineradora de carvão francesa Commentry-Fourchambult-Decazeville, em falência. Restabeleceu a saúde econômico financeira da companhia. Após 58 anos de estudos, pesquisa e observação, reuniu suas teorias na obra “Administração Industrial e Geral”, em 1916, que somente foi traduzida para o inglês em 1949.
Fig.16 – Companhia mineradora ”Commentry-Fourchambult-Decazeville”
Imagem capturada do site: http://www.pangeaminerals.com/aveyron/houiller/houiller.htm

5.2 – DA OBRA “ADMINISTRAÇÃO INDUSTRIAL E GERAL”






Fig.17– Capa do livro “Administração Industrial e Geral” em português.A obra de Fayol se divide em duas partes: 1ª) Necessidade e Possibilidade de Ensino Administrativo (parte que se subdivide em três outras: Definição de Administração, Importância relativa das diversas capacidades que constituem o valor do pessoal das empresas e Necessidade e possibilidade de ensino administrativo) e 2ª) Princípios e elementos de Administração (que se subdivide em duas outras partes: Princípios Gerais de Administração e Elementos de Administração).

5.2.1 - PRIMEIRA PARTE: NECESSIDADE E POSSIBILIDADE DE ENSINO ADMINISTRATIVO.

Para justificar a necessidade e a possibilidade de ensino administrativo, o autor por primeiro define Administração (conceituando-a como o conjunto de operações que pode ser dividido em seis grupos distintos) e depois mensura as diversas capacidades do valor das empresas.

5.2.1.1 - DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO.

Segundo Chiavenato (2000, pg.84), Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas seriam estas. O conjunto de operações existentes nas organizações seriam divididos em seis grupos distintos:
a) operações técnicas: produção, fabricação transformação – em virtude da extensa variabilidade das funções técnicas, geralmente à ela (função técnica) é atribuída excessiva importância em detrimento das outras, tão ou mais importantes. Fayol aduz que todas as funções são interdependentes (dependem umas das outras) e não sobreviveriam sozinhas; cita como exemplo que a função técnica nada seria sem as matérias-primas ou mercado para os produtos.
b) função comercial: compras, vendas, permutas – na mesma esteira do pensamento anterior, Fayol aduz que a capacidade comercial é tão importante para a empresa quanto a técnica. De nada adiantaria fabricar bons produtos se não se souber vendê-lo.
c) função financeira: procura e gerência de bens e de pessoas – Aduz Fayol que sem uma boa gestão financeira a organização está fadada ao fracasso. O capital seria necessário para todas as demais funções (exemplo: sem o capital a função técnica não teria material para a produção). Afirma que muitas empresas faliram por falta dele (do capital).
d) função de segurança: proteção de bens e de pessoas - considera toda e qualquer ação que visa a tutela de bens e pessoas contra quaisquer atos e fatos que possam servir de obstáculo ao progresso da empresa (atos: roubos, greves; fatos: incêndio, inundações).
e) função de contabilidade: inventários, organização, direção, coordenação e controle – Considerando que a “contabilidade é a ciência que possibilita, por meio de suas técnicas, o controle permanente do Patrimônio das empresas”[16], entende-se os motivos que levaram Fayol a situar esta função como um poderoso meio de direção, advertindo, em sua obra, que nas grandes escolas industriais ela não é valorada como deveria.
f) função administrativa: previsão, organização, direção, coordenação e controle – Entendendo que tal função era mal conceituada, Fayol a reconceitua, aduzindo que trata-se de uma função essencial, que se reparte entre a cabeça e os membros do corpo social.

5.2.1.2 - IMPORTÂNCIA RELATIVA DAS DIVERSAS CAPACIDADES QUE CONSTITUEM O VALOR DO PESSOAL DAS EMPRESAS.

Fayol afirma que à cada um dos grupos de funções essenciais descritos no capítulo anterior, corresponde uma capacidade especial; quanto mais rudimentar for a empresa, menor serão as capacidades necessárias, quanto mais completa a empresa, mais elevado e desenvolvido serão tais capacidades. São elas:

a) qualidades físicas: saúde, vigor, destreza;
b) qualidades intelectuais: aptidão para compreender e aprender, discernimento, força e agilidade intelectuais;
c) qualidades morais: energia, firmeza, coragem de aceitar responsabilidades, iniciativa, decisão, tato, dignidade;
d) cultura geral: conhecimentos variados que não são exclusivamente do domínio da função exercida;
e) conhecimentos especiais: relativos unicamente à função, seja ela técnica, comercial, financeira, administrativa, etc;
f) experiência: conhecimento resultante da prática dos negócios. É a lembrança das lições que os fatos proporcionam a todos nós.

5.2.1.3 - NECESSIDADE E POSSIBILIDADE DE ENSINO ADMINISTRATIVO.

Fayol observa que nas escolas industriais da época não há um ensino adequado a formar bons administradores, posto que tais escolas dão excessivo valor à função técnica. Aduz que a capacidade administrativa pode ser adquirida por meio de ensino, tal como ocorre com as funções técnicas.

Defende que a necessidade de capacitação administrativa existe em todos os níveis sociais (todo o indivíduo necessita, em maior ou menor grau, de noções administrativas, seja para aplicá-las em suas famílias, seja para aplicá-las em seus negócios); aduz que o ensino administrativo deveria ser geral, abrangendo tanto escolas primárias quanto secundárias ou superiores.

5.2.2 - SEGUNDA PARTE: PRINCÍPIOS E ELEMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO.

A segunda parte do livro, Fayol divide em dois tópicos: 1º) Princípios Gerais de Administração (no qual ele afirma que os princípios de administração não são limitados, conceituando os 14 princípios que ele teve oportunidade de aplicar) e 2º) Elementos de Administração (no qual ele apresenta, em três tópicos distintos, os 3 elementos de administração).

5.2.2.1 – PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO.

O Corpo social é o órgão e o instrumento da função administrativa; tal função restringe-se ao pessoal (chamado corpo social). Para o bom funcionamento de tal corpo, são necessárias certas condições, as quais ele denomina princípios, afastando a idéia de rigidez e aplicando, em seu lugar, a de flexibilidade. Aduz que inexiste limitação ao número de tais princípios e enumera aqueles que teve oportunidade de aplicar com mais freqüência:

a) divisão do trabalho – consiste em dividir cada uma das tarefas em operações mais simples (especialização) A divisão proposta por Fayol em muito se assemelha à segunda parte do método para pesquisa científica proposto por René Descartes[17], na qual ele propõe a divisão do assunto a ser estudado em tantas partes quantas forem necessárias para o seu entendimento.

b) Autoridade e responsabilidade – Conceitua a autoridade como o poder de dar ordens e de se fazer obedecer; não sendo possível concebê-las individualmente. Afirma que toda regra tem de ser provida de sanção, sem a qual desaparece na empresa o espírito de responsabilidade.
c) Disciplina – Respeito às regras estabelecidas. A boa direção inspira obediência.

d) Unidade de comando – Cada agente, para cada ação, só deve receber ordens de um único chefe. Aqui caberia uma comparação com o jargão ‘muito chefe para pouco índio”: a pluralidade de chefes para um único setor dilui a autoridade de cada um deles sobre seu subordinado.
e) Subordinação – Prevalência dos interesses gerais da organização. A conceituação de Fayol em muito se assemelha a um princípio jurídico do Direito Administrativo: o interesse geral prevalece sobre o pessoal (ou seja: em havendo divergência entre os interesses da Sociedade e os do indivíduo, os primeiros prevalecem sobre o segundo).
f) Remuneração do Pessoal – tem de ser eqüitativa, justa, evitando-se a exploração. Deve haver equilíbrio entre os interesses da empresa e os dos funcionários. O tipo de remuneração depende da apreciação deste equilíbrio.
g) Centralização – Deve Haber um único núcleo de comando centralizado, atuando de forma similar ao celebro, que comanda o organismo. Tudo o que aumenta a importância das funções dos subordinados é do terreno da descentralização, tudo o que diminui a importância, pertence á centralização.
h) Hierarquia – Cadeia de comando por escalas. Afirma a necessidade de comunicação lateral entre as escalas de comando.
i) Ordem – Por meio da racionalização do trabalho, estabelece-se o lugar de cada coisa e de cada pessoa.
j) Eqüidade – Distingue a diferença entre justiça e eqüidade. Justiça poderia ser conceituada como a realização das convenções estabelecidas, enquanto que equidade seria o uso da razão onde não há convenção; seria a capacidade de estimular o pessoal a empregar, no exercício de suas funções, toda a vontade de devotamente que é capaz.
l) Estabilidade do pessoal – O funcionário precisa de tempo para adaptar-se à tarefa que lhe foi incumbida, deslocá-lo sem que este tempo lhe for concedido (sem que sua iniciação tenha sido finalizada) e adotar esta atitude como premissa na administração de um organismo acarretará que nenhuma função jamais seja desempenhada a contento.
m) Iniciativa – Os liderados devem ser incentivados a buscarem por si só, as soluções para os problemas que surgirem.
n) Espírito de equipe – O corpo social deve experimentar uma união similar à união de organismos biológicos, sem que isso ocorra, os objetivos não serão comuns e os esforços não serão dirigidos de forma adequada às aspirações da empresa.

5.2.2.2 – ELEMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO.

Fayol afirma a existência de cinco elementos de administração: 1) Previsão, 2) Organização, 3) Comando, 4) Coordenação e 5) Controle, que podem ser sintetizados na sigla POCC.
a) Previsão – Fayol conceitua previsão como o ato de calcular o futuro e preparar as ações para que as metas sejam atingidas, tal previsão se faz com um programa de ação. Estabelece que existem vantagens e desvantagens na previsão. Como vantagem afirma que um programa de ação facilita a utilização dos recursos da empresa e a escolha dos melhores meios a empregar para atingir os objetivos; estabelece que a desvantagem reside na dificuldade de se confeccionar um bom programa anual.

b) Organização – É o ato de dotar uma empresa de tudo quanto for útil ao seu funcionamento (matérias-primas, utensílios, capital e pessoal). Subdivide a organização em organização material e social, tratando apenas do segundo.
c) Comando – Fayol afirma que constituído o corpo social , é preciso fazê-lo funcionar, sendo esta a missão do comando. Conceitua a arte de comandar como o conjunto de certas qualidades pessoais e sobre o conhecimento dos princípios gerais de administração. O comando requer certos preceitos, dos quais Fayol separa oito: c.1) ter conhecimento profundo de seu pessoal; c.2) excluir os incapazes; c.3) conhecer bem os convênios que regem as relações entre a empresa e seus agentes; c.4) dar bom exemplo; c.5) fazer inspeções periódicas do corpo social, recorrendo nestas inspeções ao auxílio de quadros sinópticos; c.6) reunir seus principais colaboradores em conferências, onde se preparam a unidade de direção e a convergência dos esforços; c.7) não se deixar absorver pelos detalhes e c.8) incentivar no pessoal a atividade, a iniciativa e o devotamento.
d) Coordenação – Fayol conceitua coordenar como o ato de estabelecer a harmonia entre todos os atos de uma empresa de maneira a facilitar o seu funcionamento e o seu sucesso. É dar ao organismo material e social de cada função as proporções convenientes para que eles possa desempenhar seu papel segura e economicamente.
e) Controle – Consiste em verificar se tudo corre de acordo com o programa adotado (programa de ação – item ‘a’ do presente), as ordens dadas e os princípios admitidos.
5.3 – CRÍTICA À DA OBRA

Dado o exíguo tempo que dispusemos para elaboração do presente estudo (pouco mais do que duas semanas), colhemos material crítico à obra de Fayol de um único autor: Idalberto Chiavenato, apesar de sabermos, de antemão, que uma única fonte não reflete, necessariamente a verdade.
5.3.1– BREVE BIOGRAFIA DO CRÍTICO ESCOLHIDO

Fig.18– Dr. Idalberto Chiavenato Idalberto Chiavenato é um dos autores brasileiros mais conhecidos e respeitados na área de administração de empresas e recursos humanos. É graduado em Filosofia/Pedagogia, com especialização em Psicologia Educacional pela USP, em Direito pela Universidade Mackenzie e pós-graduado em Administração de Empresas pela EAESP-FGV.

É mestre (M.B.A) e Doutor (Ph.D) em Administração pela City University of Los Angeles, Califórnia (EUA), foi professor da EAESP-FGV, como também de várias universidades no exterior, e consultor de empresas. Sua extensa bibliografia abrange mais de 20 livros de grande destaque no mercado, além de uma infinidade de artigos e revistas especializadas.
É provavelmente o único autor brasileiro a ostentar mais de 12 livros sobre administração traduzidos para a língua espanhola. Recebeu vários prêmios e distinções pela sua atuação na área de administração geral e de recursos humanos.

Fig.19– Capa do Livro “Introdução à Teoria Geral da Administração” Chiavenato
Dentre a extensa bibliografia está o livro “Introdução à Teoria Geral da Administração”, escolhido para o presente estudo como fonte de crítica à obra de Fayol.


5.3.2– CRÍTICA DO PROFESSOR CHIAVENATO

Sobre a definição de funções básicas da empresa, proposta por Fayol (vide item 5.2.1), Chiavenato afirma que está ultrapassada, posto que hoje as funções recebem o nome de áreas da administração.

a) As funções administrativas recebem o nome de ‘área de administração geral’,

b) as funções técnicas recebem o nome de ‘área de produção, manufatura ou operações’,

c) as funções comerciais recebem o nome de ‘áreas comerciais, vendas/marketing’,

d) as funções de segurança passaram para um nível mais abaixo,

Além disso, o professor observa o surgimento de uma nova área, a de ‘recursos humanos ou gestão de pessoas’.

Após, Chiavenato segue explicando o conjunto de conceitos de Fayol, que abstemo-nos de descrever dado tê-lo feito no capítulo próprio.

Por fim, Chiavenato equaciona as críticas à Teoria Clássica da seguinte forma:

a) Abordagem simplificada da Organização formal – demonstra que os críticos apontam como falha da teoria a abordagem simplesmente formal, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecidos, sem que se considerasse o seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Os autores clássicos partiriam do pressuposto de que a simples adoção dos princípios gerais de administração (como a divisão do trabalho, a especialização, a unidade de comando e a amplitude de controle) permitiriam uma organização formal da empresa capaz de proporcionar-lhe a máxima eficiência possível. Os críticos apontariam como falha dos teóricos clássicos uma visão simplória e reducionista da atividade organizacional.

b) Ausência de Trabalhos Experimentais – Chiavenato aduz que os autores da teoria clássica aspiravam elaborar uma ciência, ignorando que ciência se faz com experimentos. O método dos autores seria empírico e concreto, baseado na experiência e no pragmatismo, e não no confronto da teoria com elementos de prova. As afirmações de tais teóricos se dissolveriam se expostas em experimentação.

c) Extremo Racionalismo na Concepção da Administração – Na exposição de suas proposições, os autores clássicos teriam sacrificado a clareza das suas idéias. O abstracionismo e o formalismo são criticados por superficializarem a análise da Administração.

d) Teoria da Máquina – como a organização é analisada sob o prisma do comportamento mecânico de uma máquina (determinados efeitos/conseqüências decorrem, necessariamente de determinadas ações/causas – determinismo), a Teoria Clássica recebe o nome de ‘teoria da máquina’.

e) Abordagem Incompleta da Organização. – Taylor e Fayol teriam se preocupado apenas com a organização formal, descuidando-se da organização informal, o que levou a exageros.

f) Abordagem de sistema fechado – ambas as teorias (Taylor e Fayol) abordam a organização tal como se fora um sistema fechado, composto de poucas variáveis, perfeitamente conhecidas e previsíveis, o que não corresponde à realidade.
6 – ESTUDO DE CASOS

Colhemos na web três análises de como as Teorias de Administração Científica e Clássica poderiam ser observadas em três segmentos diferentes: a) empresa de call center (empresa Betha S/A), b) Administração em enfermagem (na Santa Casa de Belo Horizonte-MG) e c) Empresas de serviços.

Nenhuma das três é de nossa autoria, motivo pelo qual citamos aqui seus autores:

a) Empresa Betha S/A – estudo realizado por Marcel Luiz Henrique e Cláudia Aparecida Santos – colhido no site: http://www.administradores.com.br/membros.jsp?pagina=membros_espaco_aberto_corpo&idColuna=4250&idColunista=25637,
b) Tendências e perspectivas da Administração em enfermagem – Autores: Carla Aparecida Spagnol e Clarice Aparecida Ferraz – colhido no site: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692002000100003&lng=es&nrm=iso&tlng=es

c) Estudo Evolutivo da Teoria Geral da Administração em empresa de serviços – estudo realizado por Ana paula Fagundes Rosa, Ana Wagner Porto Correa, Cíntia Costa de Araújo, Cistiano Nolasco Colomby e Eulalie de Souza Mello – colhido do site: www.admpg.com.br/cadastro/ver_artigo.php?sid=231

a) A aplicação da teoria clássica da Administração na empresa de call center:

No caso estudado, o autor identifica o uso de grande parte dos princípios da teoria clássica, a saber:

a.1) abordagem parcial do taylorismo – a empresa é considerada como uma organização fechada e se debruçam sobre o processo produtivo em si, esquecendo-se da estrutura da própria empresa,

a.2) controle rígido das atividades dos funcionários e dos processos quando da seleção, do treinamento e monitoramento dos processos (todas as ligações são gravadas, monitoramento dos atendimentos para identificação de falhas),

a.3) avaliação do desempenho do funcionário – o estudo aponta que a avaliação do funcionário é rígida e constante. Apesar de não ter constado no estudo, sabe-se que a remuneração dos funcionários de call centers geralmente dependem desta avaliação.
qualidade (dcaráter mecanicista do trabalho – a empresa busca a otimização da execução das tarefas, apesar da gestão da empresa não ignorar

b) Tendências e perspectivas da Administração em enfermagem – Santa Casa- MG.

No caso estudado, as autoras identificam alguns aspectos da administração do Hospital que se assemelham àquelas dispostas nas Teorias de Administração Científica e Clássica, quais sejam:

b.1) estrutura organizacional rígida, representada por um organograma baseado na lógica da departamentalização, segundo os grupos profissionais existentes e com a presença de vários níveis hierárquicos,

b.2) processo decisório centralizado no topo da hierarquia, fazendo com que grande parte das decisões fosse incoerente com a realidade dos setores de trabalho. Presença de autoritarismo na tomada de decisões,

b.3) a estrutura do departamento de enfermagem evidenciava uma comunicação verticalizada e extremamente formal, que se processava de forma descendente, ou seja, as ordens partiam da alta direção para os funcionários da base,

b.4) a administração de enfermagem voltava-se à execução de tarefas, sendo que os chefes pouco se envolviam com os problemas da equipe,

b.5) a forma de organização produzia efeitos negativos que prejudicavam a agilidade e a operacionalização do processo de trabalho,

c) Estudo Evolutivo da Teoria Geral da Administração em empresa de serviços.

No caso estudado, os autores identificaram alguns aspectos da administração das empresas de serviço que se assemelham àquelas dispostas nas teorias de Administração Científica e Clássica, quais sejam:

c.1) uma das empresas verificadas apresentava uma unidade de comando centralizada, onde a autoridade era executada pelo proprietário,

c.2) divisão do trabalho – em uma das empresas constatou-se que o funcionário era especializado tendo em vista desempenhar a função no seu setor específico, onde o administrador planejava como seria estabelecido o serviço do operário e então supervisionava o processo,

c.3) em ambas as empresas as tarefas seguiam uma série ordenada, que eram supervisionadas, proporcionando economia de tempo esforço dos funcionários,

c.4) centralização das decisões por ausência de confiança por parte do proprietário, por este possuir um nível de conhecimento elevado.

c.5) hierarquia decrescendo em ordem de importância,

7 – CONCLUSÃO

De tudo quanto foi analisado percebemos que as teorias de Henry Fayol não podem receber o manto da ciência, posto que a elaboração da Teoria não obedeceu a critérios científicos.

Conforme exposto por Chiavenato, a excessiva formalidade, em detrimento da flexibilidade, depõe contra a teoria.

Não obstante tal, grande parte das teorias de Taylor e de Fayol são ainda adotados em empresas brasileiras, o que denota ou a falta de conhecimento teórico (daqueles que as põem em prática), ou o interesse no caráter explorativo que tais teorias levam o trabalho humano (na medida em que as práticas de ambos – Taylor e Fayol levam e uma intensa exploração do trabalho) .

8 - BIBLIOGRAFIA

HUBERMAN, Leo. A História da Riqueza do Homem. 16.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2001.

HUNT e SHERMAN, E.K e Howard J. História do Pensamento Econômico. Petrópolis. Editora Vozes, 1995.

HOBSBAWN, Eric, J. “A Era das Revoluções”, São Paulo, Ed. Paz e Terra.


CHIAVENATO, Idalberto. “Introdução à Teoria Geral da Administração”, Rio de Janeiro, Ed. Campus, 6ª edição..

RIBEIRO, Osni Moura. “Contabilidade Básica Fácil”, São Paulo, Ed.Saraiva, 2006, pg. 19

DESCARTES, René. “Coleção Os Pensadores, livro Descartes”, São Paulo, 1996.


[1] HUNT e SHERMAN, E.K e Howard J. História do Pensamento Econômico. Petrópolis. Editora Vozes, 1995, pgs.. 12
[2] HUBERMAN, Leo. “A História da Riqueza do Homem”. São Paulo, Ed. Capítulo II, pg.
[3] HOBSBAWN, Eric J. “A Era das Revoluções – 1789-1848”, São Paulo, Ed.Paz e Terra, pg. 111
[4] HUNT e SHERMAN, E.K e Howard J. História do Pensamento Econômico. Petrópolis. Editora Vozes, 1995, pgs.20-25
[5] Op.cit, pg. 24
[6] Op.cit, pg. 24
[7] CHIAVENATO, Idalberto. “Introdução à Teoria Geral da Administração”. Ed. Campus, 6ª edição. Rio de Janeiro, ano 2000, pg.32.
[8] Op.Cit, pg.55
[9] HUNT e SHERMAN, E.K e Howard J. História do Pensamento Econômico. Petrópolis. Editora Vozes, 1995, pgs.56
[10] 5S é uma metodologia (administrativa) utilizada para melhorar a organização dos ambientes de trabalho, graças à mudança de atitude das pessoas ao seguirem os 5 passos recomendados pelo programa. O 5S torna os processos mais eficientes e melhora o bem estar do trabalhador. Sua principal contribuição é a redução do desperdício de materiais, de tempo e de espaço. Foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, no Japão após a Segunda Guerra Mundial, devido ao grande caos em que se encontrava o país, a desorganização e sujeiras das indústrias japonesas. O 5S é o primeiro e o principal passo para qualquer programa de gestão da qualidade. Sua implantação nas organizações requer profissionais experientes na metodologia, em treinamento e na gestão de mudanças. O nome 5S provém é derivado de cinco palavras do idioma japonês, iniciadas com a letra "S" e que designam cada um dos princípios a serem adotados:a) Seiri: Senso de Utilização - Consiste em deixar no ambiente de trabalho apenas os materiais úteis, descartando ou destinando os demais da maneira mais adequada. b)Seiton: Senso de Organização - Consiste em estabelecer um lugar para cada material, identificando-os e organizando-os conforme a frequência do uso. Se utilizado frequentemente o material deve ficar perto do trabalhador, caso contrário, deve ser armazenado em um local mais afastado, para que não prejudique as tarefas rotineiras. c)Seisou: Senso de Limpeza - Consiste em manter os ambientes de trabalho limpos e em ótimas condições operacionais. Este princípio diz: melhor que limpar é não sujar. d)Seiketsu: Senso de Saúde ou Melhoria Contínua - Este princípio pode ser interpretado de duas formas. Na aplicação de ações que visam a manutenção e melhoria da saúde do trabalhador e nas condições sanitárias e ambientais do trabalho. Como Melhoria contínua, aplica-se o princípio do kaizen, melhorando e padronizando os processos.e)Shitsuke: Senso de Autodisciplina - Autodisciplina é um estágio avançado de comprometimento das pessoas, que seguem os princípios independente de supervisão. Para atingir este estágio é necessário ter atendido satisfatoriamente os 4 princípios anteriores do 5S. Fonte: Fundação Getúlio Vargas – Programa de Modernização do Tribunal de Justiça de São Paulo

[11] Op.Cit, pg. 57-58
[12] Op.Cit, pg.72
[13] HUNT e SHERMAN, op. cit. pg 76
[14] HUNT e SHERMAN, op.cit, pg. 76
[15] Congresso Internacional de Administração, estudo em anexo.
[16] RIBEIRO, Osni Moura. “Contabilidade Básica Fácil”, São Paulo, Ed.Saraiva, 2006, pg. 19
[17] DESCARTES, René. “Coleção Os Pensadores, livro Descartes”, São Paulo, 1996.

Nenhum comentário: